quarta-feira, 27 de maio de 2009

Este blogue é para velhos

Há uns anos, quando mudei para a casa em que moro, ouvi um dos empregados do empreiteiro, responsável pelos trabalhos, a falar ao telefone com um amigo: dizia ele, sorridente, que estava a trabalhar numa obra no Restelo. Eu fingi que não era nada comigo: comportamento que adopto sempre que ouço alguém dizer disparates na minha vizinhança, porque, às vezes, até fico embaraçado pelos outros com as palermices que vou escutando (como dizerem que o Estaline era polaco, por exemplo, ou que incólume é uma coisa que serve para calafetar janelas). Mesmo assim, assumindo que a tal conversa sobre a obra no Restelo não chega, sequer, ao nível de palermice dos exemplos que apontei, é preciso esclarecer que não moro no Restelo, coisa nenhuma, mas em Alcântara.
Porque raio é que o homem se foi lembrar do Restelo? É aqui perto, mas não tanto que faça confusão. Depois lembrei-me: «Já sei! Quer armar-se. » Acho que o Restelo deve ser chique; mais que Alcântara, pelos vistos. Mas será que morar no Restelo ainda é sinal de status? E trabalhar no Restelo? O que é que isso poderá significar? Estas dúvidas tiram-me o sono.

É pensando nisso que eu acredito que as sementes da minha presente condição morbígera devem ter sido plantadas nessa altura. É que, cada vez mais, me sinto velho, pá. Neste caso, um velho do Restelo (se não o proverbial, um sucedâneo de pechisbeque).

Ou melhor, a ser um velho, serei o de Alcântara! Assim já posso candidatar-me a personagem original.
Acho que vou deixar o Velho de Alcântara escrever umas crónicas, de vez em quando. Aguardem pela primeira.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Recomendações culturais a não perder

Na próxima sexta-feira, às 19H00, a colecção THISCOvery CCChanel, património partilhado pelas editoras Thisco Records e Associação Chili Com Carne, apresenta o seu novo título na Galeria ZDB: um ensaio de Ondina Pires intitulado Scorpio Rising: Transgressão juvenil, Anjos do Inferno e Cinema de Vanguarda.
O livro será apresentado por Carlos Vidal (crítico de arte) e Fernando Cerqueira (co-editor).
A capa é da autoria do ilustrador João Maio Pinto.

Já amanhã tem lugar no Salão Nobre dos Paços do Concelho (Câmara Municipal de Lisboa) a primeira conferência de uma série de palestras, sobre os mais diversos temas, que, com regularidade, nos convidarão a reflectir. A iniciativa partiu do historiador Rui Tavares, que a imaginou e promoveu: obrigado, Rui!
A primeira das novíssimas Conferências de Lisboa é assegurada pelo historiador José-Augusto França, um luminoso pensador. A conversa começa às 18H00 e a entrada é livre.
Acompanhem o site do evento para ficarem a saber quais serão os convidados e os temas das futuras palestras.

terça-feira, 12 de maio de 2009

BANG!#6

O número seis da revista BANG! já está disponível, em formato pdf, para download gratuito no site das edições Saída de Emergência.

Contendo diversos ensaios e ficções, é um volume a não perder!
Destaco o ensaio de António de Macedo sobre as semelhanças e diferenças entre duas obras literárias, uma "erudita" e outra "popular": A Sibila de Agustina Bessa-Luís e Alraune de Hanns Heinz Ewers.
Este belíssimo texto será o primeiro de uma série de três dissertações (a segunda será minha e a terceira do João Seixas) que têm como ponto de partida as reflexões conjuntas que nós entretecemos sobre a dicotomia Literatura Popular vs Literatura Erudita e que podem ser lidas no número cinco da revista.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Domingo na feira

No próximo Domingo, dia 10, às 15H30, estarei na Feira do Livro de Lisboa, no stand das edições Saída de Emergência, para autografar os meus livros.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Entrevista na revista Callema

O número seis da revista Callema, uma edição da Cooperativa Literária, dedicada à divulgação da literatura (e não só), traz uma entrevista comigo, assim como um excerto de Lisboa Triunfante, o meu romance mais recente (publicado pelas edições Saída de Emergência).
Poderão encontrar a revista Callema nos pontos de venda habituais, como a Livraria Trama.
Detalhes sobre o lançamento para breve.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

"Mucha" will tear your head off

Acabei de ver mais uma série de pranchas da minha nova banda desenhada, Mucha, desenhadas por Osvaldo Medina e estou saltitante de satisfação: sou suspeito, posto que fui eu que escrevi o argumento, mas penso que o mundo da BD portuguesa nem faz ideia do que lhe vai cair em cima, por alturas do Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora.

É o meu regresso à BD, depois da publicação de A Última Grande Sala de Cinema, em 2003. Quem conhece e gosta do meu trabalho já será capaz de formular uma ideia do que aí vem: o horror entrará pela porta grande; um horror maduro, perverso e que, espero, dará que pensar.
Estou ansioso por ver a banda desenhada terminada. Asseguro-vos que a arte-final realizada por Mário Freitas, da Kingpin Books, é incisiva, negríssima e pressiona todos os botões certos. O artwork da edição também é de sua autoria e eu não poderia estar mais contente com o resultado: elegante e funéreo, em simultâneo.

Daqui a uns tempos, publico aqui umas pranchas para vocês verem.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

É a "79ª Feira do Livro" ou é "A Grande Farra"?

(Mas que belo repasto!... É o novo restaurante da linha?
Não, é a 79ª Feira do Livro de Lisboa.)

Há coisas que, mesmo que se pensem, não se escrevem, logo: se alguém anda com a cabeça ocupada com pensamentos sobre comida, por favor não transforme a Feira do Livro numa ementa de Feira Popular.

Transcrevo do site do evento: «A 79ª Feira do Livro de Lisboa já começou. À hora de almoço, as persianas dos novos stands abriram-se e despertaram as letras de 2009. Este ano as montras são novas e as editoras apregoam os melhores títulos entre si. Farturas, pipocas, churros, bifanas, grelhados de carne e peixe, doces e gelados juntam-se ao cenário renovado da Feira que vai animar o Parque Eduardo VII todos os dias, até dia 17 de Maio.»

Ena pá!... Já me está a dar fome. Obrigado, Feira do Livro.