quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Entrada de peso no Ano Novo

Para começar 2016 em peso, a revista LOUD! apresenta-se com o (já) mítico Abbath na capa e em entrevista. Além disso, há, evidentemente, o Balanço de 2015, com os melhores discos nacionais e internacionais escolhidos pelos colaboradores da revista (incluindo este vosso amigo); sempre uma excelente oportunidade para recordar ou descobrir discos que poderão ter escapado à atenção. Acrescento que este número traz a minha crónica bimestral, Consultor Funerário, desta vez sobre o fenómeno das chuvas de sangue -- em Portugal. Vão rápido que a esta hora ainda apanham um quiosque aberto, vão.



terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Novidades para 2016


Novidades para 2016 - no próximo ano, a Kingpin Books reeditará dois livros meus: O Pequeno Deus Cego (2011), escrito por mim e desenhado por Pedro Serpa, e o meu clássico A Última Grande Sala de Cinema (imagem em anexo), escrito e desenhado por mim e publicado originalmente em Janeiro de 2003. Este título, em especial, será uma surpresa para os fãs, pois consiste no último livro que desenhei e muitos leitores que me começaram a ler depois da data da sua edição não fazem ideia de que desenhei a maioria dos meus primeiros livros de banda desenhada. Assim, a Última Grande Sala de CInema irá abrir para mais uma sessão.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

O Humano no Fantástico


Várias vezes defendi a adaptação cinematográfica do livro The Hobbit, de J. R. R. Tolkien, realizada em três filmes pelo cineasta neozelandês Peter Jackson, e ao ver a versão "estendida" de The Battle of the Five Armies (escrevi "estendida" entre aspas, porque as versões alargadas, editadas em DVD, são, na verdade, as originais, que serviram de matriz às mais curtas, exibidas nos cinemas) compreendo que estes filmes não poderiam, de facto, ter sido feitos de outra forma, pois compõem uma sequência perfeita que completa, em estilo, tonalidade e lógica narrativa, a trilogia anterior (The Lord of the Rings). Deste ponto de vista, penso que os problemas de percepção que The Hobbit cultivou, desde a estreia da sua primeira parte, relacionam-se com uma certa deslocação de expectativas: sob o espectáculo deslumbrante dos superlativos efeitos especiais (à la Ray Harryhausen do século XXI), existem apontamentos e ideias de uma fina subtileza que são continuamente interpretados de maneira oblíqua por um público cuja definição de "fantástico" presente na sua constelação cultural é paupérrima. Essa palavra ("fantástico") é dinâmica, evidentemente: tem-se transfigurado no desenrolar das décadas, assim como outros conceitos mais estruturantes (o princípio setecentista de "mal" difere em quase tudo da sua acepção contemporânea, assim como o modo como se vivia a morte no início do século XX é dissemelhante daquele que caldeia o início deste).

No fundo, prefiro designar o imaginário tolkiano por "mitologia fundacional", posto que aquilo que a maioria do público entende por "fantástico" somente se relaciona com ele por via de algum mimetismo estético: essa pseudoliteratura feita por colagens sincréticas e apressadas dos arquétipos tolkianos, pontuada por uma intrínseca imaturidade, que em nada tem contribuído para a credibilização dos universos da imaginação junto de um público e de uma crítica mais sofisticados. Com efeito, o dito "fantástico" é incomensuravelmente maior que o nicho criado por Tolkien e seus imitadores, mas é, precisamente, esse nicho que chega mais vezes e mais depressa ao grande público - ora, talvez seja atempado e útil remir Tolkien desse nicho, com o qual ele apenas se aparenta superficialmente. Talvez seja atempado e útil deixar de ler Tolkien à luz de alguns anacronismos e preconceitos que têm obstaculizado a sua interpretação e cotejá-lo com os textos das cosmogonias das sociedades pré-clássicas, por exemplo, com os quais, em bom rigor, patenteia muita paridade. Existe um lirismo em Tolkien que nada tem a ver com o receituário patético que a sua obra, infelizmente, criou, mas que se une, profundamente, aos grandes mitos fundacionais.

Para além disso, sob as vestes diáfanas da fantasia, Tolkien cria retratos autênticos da natureza humana. A esse título, observe-se o cenário plasmado em The Hobbit: um tirano ocupa ilegalmente um território rico em recursos, expulsando os seus habitantes que, anos mais tarde, intentam recuperar essa terra prometida; uma vez eliminado esse tirano, assiste-se a uma vera pulverização de poderes, com diversos grupos locais, cada qual à sua maneira e com diferentes motivos, tentando agarrar o controlo desse território. Em paralelo, nas fímbrias do palco, um novo candidato a tirano arrebanha radicais tropas de elite que, sob bandeiras negras, só tem como objectivo a hegemonia global sobre todos os restantes grupos que, note-se, parecem mais interessados em digladiar-se por miríficas riquezas do que em unir-se para combater a ameaça comum.

Sim, Tolkien não tem, de maneira nenhuma, nada a ver com a realidade e a experiência humanas.


quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Grandes livros de 2015


Este ano, reformulei a lógica de recomendações literárias de final de ano: em vez de escolher os "melhores" livros de 2015, escolhi os livros que, independentemente de serem os melhores do ano ou não -- sempre um critério subjectivo e não-livre de influências conjunturais --, me despertaram mais a atenção, pela sua originalidade e pertinência editorial; além disso -- e, neste aspecto, foi, de facto, uma orientação rigorosa --, somente escolhi livros escritos ou traduzidos em português (todos, claro, de não-ficção). No final de 2016, o(s) critério(s) será (serão) outro(s), certamente, mas este ano o resultado é o seguinte (sem qualquer ordem de preferência):

1) Animais e Companhia na História de Portugal (coord. Isabel Drumond Braga e Paulo Drumond Braga). Círculo de Leitores -- um livro espectacular que, de modo completíssimo, examina o papel e a presença dos animais, em múltiplos campos, ao longo da história de Portugal. Um volume essencial para o historiador e para quem gosta de animais.

2) Casas das Elites de Lisboa: Objectos, interiores e vivências - 1750-1830, de Carlos Franco. Scribe, Produções Culturais, Lda. -- análise profunda de uma vinheta temporal e social, partindo do estudo das vivências das elites lisboetas para chegar a uma tessitura mais densa, inserida no contexto nacional.

3) Casas com Escritos: Uma História da Habitação em Lisboa, de Margarida Acciaiuoli. Editorial Bizâncio -- em conjunto com a leitura do livro citado anteriormente, o panorama apresentado por esta obra ganha ainda mais fôlego. De facto, os estudos da vida quotidiana lisboeta, de meados do século XVIII até à actualidade, em principal nesta perspectiva direccionada para o espaço habitacional, ficam supinamente enriquecidos com estas edições de 2015.

4) História Política da Cultura Escrita, de Diogo Ramada Curto. Verbo -- excelente conjunto de ensaios e reflexões sobre o modo como a produção intelectual foi sendo instrumentalizada -- e influenciada -- pelo(s) poder(es) político(s) ou pelos poderes que, às tantas, também fizeram (e fazem) política.

5) Uma História da Curiosidade, de Alberto Manguel. Tinta-da-China -- ensaio sobre a curiosidade é uma definição redutora para este livro delicioso que, como podem ver pela fotografia que ilustra este texto, é o preferido do meu gato -- por sinal, bastante curioso.

6) História do Corpo (dir. Jean-Jacques Courtine, Alain Corbin, Georges Vigarello). Círculo de Leitores -- obra em seis volumes, na qual o corpo humano e suas representações e objectificações ao longo das eras são estudados com apuro numa abordagem interdisciplinar.

7) Racismos: Das Cruzadas ao Século XX, de Francisco Bethencourt. Temas e Debates -- já falei sobre a edição original deste livro (em inglês) na minha lista de fim de ano de 2014 e é essa a edição que podem ver na imagem; todavia, este ano foi dada à estampa a versão portuguesa deste ensaio sobre o racismo e não posso deixar de mencioná-la, pois é um trabalho destemido e inestimável.

Boas Festas -- leiam bons livros e, sobretudo, pensem sobre o que leram e entreteçam relações entre matérias, à partida, díspares, pois a variedade deleita o pensamento.
David Soares, Dezembro 2015.


domingo, 20 de dezembro de 2015

David Soares - tertúlia literária na Faculdade de Letras de Lisboa



Vídeo da tertúlia literária sobre a minha obra, com moderação de José Duarte (investigador do Núcleo de Estudos Anglísticos da Universidade de Lisboa), no âmbito da primeira edição do Festival de Ficção Científica e Fantasia - The Padawan Wars (4 de Dezembro de 2015).

sábado, 19 de dezembro de 2015

Nova temporada do ciclo de palestras Sustos às Sextas


Daqui a menos de um mês, no Palácio dos Aciprestes, sede da Fundação Marquês de Pombal, terá início a nova temporada do ciclo de palestras Sustos às Sextas, organizado por António Monteiro, João Castanheira e Sandra Araújo. O programa desta segunda temporada, como poderão comprovar, é tão eclético quanto o da primeira. Eu lá estarei, no dia 18 de Março, para participar com uma palestra bastante heterodoxa e iconoclasta. Comecem já a estruturar as vossas agendas em órbita deste evento e, claro, divulguem: obrigado.

Entretanto, vale a pena recordar a palestra que dei no evento do ano passado: À Mercê da Medicina: Farmacologia Canibal Europeia e Portuguesa na Prática e na Cultura. O vídeo que se segue é, somente, um excerto dessa palestra, que teve cerca de duas horas de duração.




domingo, 13 de dezembro de 2015

David Soares e António de Macedo nas Conversas Fantásticas 2015



Ontem, na Fyodor Books, foi assim: David Soares e António de Macedo nas Conversas Fantásticas 2015, numa conversa moderada por Rogério Ribeiro.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

«O Fantástico e o Real» nas Conversas Imaginárias 2015


Informo os fãs e amigos que irei estar na Fyodor Books no próximo sábado, dia 12, às 16H45, para uma tertúlia literária subordinada ao tema «O Fantástico e o Real»: conversa, essa, que contará ainda com o insigne cineasta e escritor António de Macedo como meu companheiro de mesa. A tertúlia insere-se no programa do evento Conversas Imaginárias 2015, organizado por Rogério Ribeiro e João Campos: um elenco de temas e palestras em órbita da literatura dita fantástica e análogos universos diegéticos. Apareçam, porque quando eu e o António nos juntamos o resultado é sempre espectacular -- quem já assistiu a eventos anteriores sabe que é verdade. Daí que agradeço a vossa presença e a divulgação: toca a partilhar.

domingo, 6 de dezembro de 2015

«Sepulturas dos Pais» premiado na Comic Con Portugal 2015



Para os fãs e amigos que não puderam comparecer ontem na segunda edição da Comic Con Portugal, fica a ligação para o vídeo da cerimónia de entrega do prémio de "Excelência na Escrita de BD" pelo livro Sepulturas dos Pais (Kingpin Books, 2014), escrito por mim e desenhado por André Coelho.


terça-feira, 1 de dezembro de 2015

«Sepulturas dos Pais» premiado com Galardão BD Comic Con 2015


Informo os meus fãs e amigos que ganhei o Galardão Comic Con 2015 na categoria de Excelência na Escrita de BD, com o livro «Sepulturas dos Pais (Kingpin Books 2014), escrito por mim e desenhado por André Coelho.
A cerimónia de entrega de prémios terá lugar durante a Comic Con Portugal 2015, no próximo sábado, dia 5, às 16H00. Parabéns aos vencedores das outras categorias (podem consultar a lista nesta ligação: http://www.comic-con-portugal.com/…/conhecidos-os-vencedore…).