A partir de 15 de Janeiro, o ciclo mensal de palestras sobre horror Sustos às Sextas está de volta à sede da Fundação Marquês de Pombal. Até Maio, o Palácio dos Aciprestes andará assombrado por tertúlias, contos e palestras, músicas, dramatizações e muitos espíritos inquietos. Confiram no programa abaixo e vejam o teaser horripilante realizado pela Thinkers, organizadora do evento, juntamente com o professor António Monteiro.
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segunda-feira, 11 de janeiro de 2016
quinta-feira, 7 de janeiro de 2016
Sherlock castrado, não
Sabemos que o nível de atenção do público está atingindo o nádir
quando a maioria das críticas publicadas pela Internet a «The Abominable
Bride», novo episódio da intermitente série Sherlock (do canal inglês
BBC One), possui como aglutinador a acusação de que o enredo foi
demasiado confuso. A minha opinião é que não foi demasiado confuso, nem
demasiado simplista: manteve um nível razoável de complexidade; mas o
problema desta séria - que existe um problema com ela - não passa por
graus de intrincacia, mas por uma abrupta e intensa vontade dos
produtores em dar ao público aquilo que ele mais aprecia: telenovela.
A temporada mais recente (a terceira) é uma lúcida demonstração de como
o investimento telenovelesco em relações informais (à falta de palavra
melhor) entre personagens, quase sempre pautadas pelo humor, ainda por
cima, deslocando para segundo plano (ou para terceiro plano) aquilo que
foi o cerne da primeira e da segunda temporadas - o mistério policial - e
que fez, com toda a justiça, a fama e a fortuna da série e dos seus
actores principais, está a transformar Sherlock num produto que corre o
risco de alienar todos os espectadores que, enfim, gostam
verdadeiramente do conceito de Sherlock Holmes: ou seja, aqueles que
querem, de facto, ver Sherlock e Watson a resolver mistérios complexos,
de laivos exóticos, que é o apanágio do cânone, e se estão nas tintas
para os ditos problemas de inteligência emocional ou da vida amorosa das
personagens. Aliás, aquilo que torna fundamental a série produzida nos
anos oitenta e noventa pelo canal inglês ITV Granada, interpretada por
Jeremy Brett (ainda o Sherlock perfeito) e David Burke e Edward
Hardwicke (ambos o Dr. Watson, com Hardwicke a compor, sem esforço, a
caracterização definitiva), é a formalidade cúmplice entre os
protagonistas - formalidade, essa, que serve de absoluta "fourth wall"
para o público: quebrada essa fina barreira em Sherlock, a série está a
banalizar-se vertiginosamente, com o titular Sherlock apenas a
passear-se com um ar de "I-do-my-little-turn-on-the-catwalk" e a
desgastar muito depressa uma imagem conquistada com grande
credibilidade. Já se esperava isto, quando Watson, às tantas, lhe diz no
segundo episódio da terceira temporada: "-You are not a puzzle solver;
you never have been. You're a drama queen." É o Sherlock que o público
quer ver, está tudo dito. Quem prefere outro estilo, que reveja os
episódios com Jeremy Brett (eu revi-os todos para tirar o gosto a
telenovela que a terceira temporada de Sherlock me deixou na boca, na
altura em que foi transmitida, e recomendo).
E no que diz
respeito à suposta inovação cénica de Sherlock, em cruzar no mesmo
palco personagens de diferentes linhas narrativas ou de tempos afastados
uns dos outros, vale a pena recordar (que esta coisa da memória anda,
também, pela sarjeta) a saudosa série The Storyteller de Jim Henson
que foi a primeira - e a única até agora, que eu tenha ideia - a fazer a
mesma coisa e de um modo ainda mais hibridizado. Sherlock precisa
urgentemente de recuperar a fortitude testicular que assinalou as duas
primeiras temporadas.
terça-feira, 5 de janeiro de 2016
Palestra na Escola Superior Artística do Porto-Guimarães
No próximo sábado, dia 9, das 10H00 às 13H00, estarei na Escola Superior Artística do Porto-Guimarães para dar uma palestra sobre a minha obra literária e de banda desenhada aos alunos de mestrado de BD e Ilustração, no âmbito da disciplina de História dos Sistemas Icónico-Verbais, do Professor Doutor João Miguel Lameiras (a quem devo o amável convite).
(Imagem: vinheta de O Poema Morre, livro de banda desenhada escrito por mim e desenhado por Sónia Oliveira. Kingpin Books, 2015.)
sábado, 2 de janeiro de 2016
'Best of' de 2015 de artigos no Cadernos de Daath
Segue um best of composto por alguns dos artigos mais populares que publiquei durante o ano passado no blogue Cadernos de Daath. Agrupei-os em sete temas, por ordem cronológica: Obra (sobre os meus livros), Cultura, Actualidade, Literatura, Cinema, História e Teorias das Conspirações. Convido-vos, pois, à releitura ou à descoberta de algumas das minhas inquietações, realizações e predilecções de 2015.
- Obra:
Vídeo da palestra À Mercê da Medicina: Farmacologia Canibal Europeia e Portuguesa na Prática e na Cultura na edição de Abril do primeiro ciclo de palestras sobre horror Sustos às Sextas.
Vídeo da sessão de Julho da tertúlia literária Recordar os Esquecidos com as participações de Fernando Pinto do Amaral, David Soares e moderação de João Morales.
Vídeo do lançamento do livro O Poema Morre, escrito por David Soares e desenhado por Sónia Oliveira, no Amadora BD, com as participações dos autores e moderação de Mário Freitas, editor da Kingpin Books.
Vídeo da palestra À Mercê da Medicina: Farmacologia Canibal Europeia e Portuguesa na Prática e na Cultura na edição de Abril do primeiro ciclo de palestras sobre horror Sustos às Sextas.
Vídeo da sessão de Julho da tertúlia literária Recordar os Esquecidos com as participações de Fernando Pinto do Amaral, David Soares e moderação de João Morales.
Vídeo do lançamento do livro O Poema Morre, escrito por David Soares e desenhado por Sónia Oliveira, no Amadora BD, com as participações dos autores e moderação de Mário Freitas, editor da Kingpin Books.
- Cultura:
- Actualidade:
Terrorismo e Populismo.
O Novo Pão e o Novo Circo.
Sobre a Queima do Gato em Mourão.
Sobre a (Des)União Europeia.
O Novo Pão e o Novo Circo.
Sobre a Queima do Gato em Mourão.
Sobre a (Des)União Europeia.
- Cinema:
- Teorias das Conspirações:
Sobre Teorias das Conspirações.
Neonazismo na Cultura Popular no Aniversário dos Setenta Anos da Libertação de Auschwitz.
Sobre Gigantes Perdidos e Achados.
Sobre Teorias das Conspirações.
Neonazismo na Cultura Popular no Aniversário dos Setenta Anos da Libertação de Auschwitz.
Sobre Gigantes Perdidos e Achados.
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sexta-feira, 1 de janeiro de 2016
Duas recomendações históricas para Janeiro
No final deste mês serão editados dois livros de história que aguardo
com entusiasmo: Final Solution: The Fate of the Jews 1933-1949 de
David Cesarani (falecido no passado mês de Outubro) e The Holy Roman
Empire: A Thousand Years of Europe's History de Peter H. Wilson.
O primeiro consiste numa observação sobre a Solução Final Para a Questão Judaica, segundo a perspectiva "funcionalista", por oposição à "intencionalista" (eu considero a perspectiva "intencionalista" muitíssimo mais realista; no limite, consideraria igualmente credível uma perspectiva "mista", mas de pendor "intencionalista"), e aparenta ser um dos títulos mais robustos escritos sob esse ponto de vista. Vale a pena lembrar que foi Cesarani que compôs outro retrato de Adolf Eichmann, descrevendo-o num novo estudo como sendo um doutrinado agente anti-semita, totalmente comprometido com a ideologia nacional-socialista, do que cifrar-se apenas como o calculista e ambicioso burocrata sem ideologia descrito por Hanna Arendt.
O segundo é um vasto volume que escalpeliza o longo e convoluto período do Sacro Império Romano-Germânico, desde Carlos Magno até Napoleão, ao mesmo tempo que examina os efeitos dessa entidade política no desenho do mundo contemporâneo.