terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Vencedor do passatempo

O passatempo de O Evangelho do Enforcado foi o mais concorrido até agora: oitenta participantes (portugueses e brasileiros). Obrigado a todos!

Infelizmente, só pode haver um vencedor. O participante que respondeu mais rapidamente e de forma correcta foi o leitor Rui Silva, de Figueiró dos Vinhos. Parabéns!

A resposta certa era Ilha da Berlenga Grande.

Fiquem atentos porque, muito em breve, o livro O Evangelho do Enforcado será colocado em pré-venda no site das edições Saída de Emergência, com uma exclusividade especial.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Passatempo "O Evangelho do Enforcado"

Tenho um exemplar do meu novo romance O Evangelho do Enforcado (nas livrarias a 12 de Fevereiro pela Saída de Emergência) para oferecer ao leitor dos Cadernos de Daath que responder mais depressa, e de modo correcto, à seguinte pergunta:

O Infante D. Fernando era senhor de uma região portuguesa que já foi chamada de Ilha de Saturno. Qual é o nome actual dessa região?

Enviem as vossas respostas (até dia 27) para:
passatempo.evangelhodoenforcado(at)gmail.com.

Acompanhem as actualizações diárias, com novidades exclusivas sobre o romance na sua página no Facebook.

"A Conspiração dos Antepassados": pré-venda

A edição especial do meu romance A Conspiração dos Antepassados chegará às livrarias no próximo dia 22, mas já se encontra disponível para pré-venda no site da Saída de Emergência.

Quem ainda não leu o romance, cujas personagens principais são o poeta português Fernando Pessoa e o mago inglês Aleister Crowley, tem agora uma boa oportunidade para o levar para casa, com uma nova capa e um prefácio da autoria do escritor e realizador de cinema António de Macedo.

Entretanto, o meu novo romance O Evangelho do Enforcado, sobre os Painéis ditos de São Vicente, também está quase a sair (dia 12 de Fevereiro). Quem quiser acompanhar as novidades exclusivas que, diariamente, vou publicando sobre ele na sua página do Facebook, pode fazer-se fã nesta ligação. Em breve, anunciarei o passatempo que dará a um leitor a possibilidade de ganhar um exemplar assinado deste romance.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Apresentação de "Grande C"

Amanhã, às 15H00, no fórum da loja FNAC do Centro Comercial Colombo, será apresentado ao público o projecto Grande C - Concurso de Criatividade Para Escolas.

Trata-se de uma iniciativa organizada pela Agecop - Associação Para a Gestão da Cópia Privada, que conta com o apoio institucional e a promoção de várias entidades; entre elas, o Ministério da Cultura, a Apel - Associação Portuguesa de Editores e Livreiros e a SPA - Sociedade Portuguesa de Autores.

O site do concurso já está online e nele poderão descobrir aquilo em que consiste este desafio à criatividade, cujo principal objectivo é sensibilizar os mais jovens (alunos do secundário, 3º ciclo ou, simplesmente, jovens dos 12 aos 18 anos de idade) para o desenvolvimento artístico. Nesse sentido, o concurso Grande C conta com várias áreas para as quais poderão realizar trabalhos e propostas, como música, vídeo, design e, claro, literatura.
Consultem o regulamento para ficarem a saber como poderão concorrer.

Vários artistas das áreas a concurso foram convidados a prestar um depoimento sobre a sua actividade, num registo pensado para quem está a dar os primeiros passos na criação. Poderão ver o meu depoimento aqui.

O lançamento do Grande C contará com as presenças dos organizadores e promotores, assim como alguns dos artistas convidados.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Ensaio sobre a obra de David Soares


O crítico Pedro Vieira de Moura escreveu um ensaio sobre o meu trabalho de escritor, focando-se, em especial, nos meus romances Lisboa Triunfante e A Conspiração dos Antepassados.
Trata-se de um ensaio crítico rigoroso, que examina a minha obra com profundidade. Convido, pois, à sua leitura.

«Soares não se limita a ficcionar, mas a operar um acto mágico sobre o real. (...) David Soares, escritor, mago e docente, não cria as suas ficções para nos pôr a sonhar, mas antes para nos despertar o poder real da imaginação.»


segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Wild at heart

Gostei muito de Where the Wild Things Are, de Spike Jonze.

Nunca li o livro homónimo de Maurice Sendak que está na origem desta adaptação, mas o filme é, na minha opinião, uma grande lufada de ar fresco. Em primeiro lugar, é gritante como as criaturas imaginadas por Max, o menino que é a personagem humana principal, são cheias de vida, carácter, peso, volume, textura e personalidade quando comparadas com as animações CGI de tantos filmes que por aí andam a estrear ou já estrearam recentemente; como o sobrevalorizado Avatar, de James Cameron, cujos indígenas azuis Na'vi me pareceram saídos de um qualquer filme do Shrek. Produzidas pela Jim Henson's Creature Shop, as Coisas Selvagens nada têm de shrekiano e servem de lembrança a um tempo em que os efeitos especiais eram mais orgânicos; isto não é nenhum discurso nostálgico, se bem que esse sentimento esteja presente na minha cabeça neste momento, mas a constatação que a suposta sofisticação dos efeitos especiais digitais não oferece ao espectador o mesmo maravilhamento proporcionado por algo real e colocado em frente da câmara. (Há excepções, como as personagens e panoramas da trilogia The Lord of the Rings, de Peter Jackson, mas nesses filmes há tanto hibridismo entre miniaturas, animatrónica, imagem real e animação digital que, na verdade, não é justo falar-se apenas em CGI convencional). Estarei a ser influenciado por uma perspectiva geracional, já que não cresci com o CGI e, talvez por culpa disso, essa técnica me pareça sempre artificial e insatisfatória? É possível, porém fica esta leitura, suscitada pelo visionamento do filme de Jonze.

Quem, como eu, ainda se lembra de como era ser criança e passar o dia a imaginar monstros e cenários assustadores, não deixará de se comover. É que ser miúdo (principalmente filho único) é mesmo aquilo que se vê em Where the Wild Things Are; que, com efeito, acaba mais por ser um filme sobre a infância que um filme para crianças. Sendo esse o predicado, é fácil perceber porque é que os monstros imaginados por Max não se assemelham com criaturas conhecidas das histórias e mitos (não há qualquer tipo de imagem arquetípica em Where the Wild Things Are): são construções imaginais "selvagens", mistas de humano e fera - tão mutáveis quanto o próprio sonho, ora mansas, ora maliciosas. Retalhos de imagens e impressões do dia-a-dia de Max, antropomorfizados em corpos poderosos, mas indecisos. São, também, figurações de sentimentos. de estados de alma. A coisa selvagem Carol é Max: confuso, brusco, criativo, mas carente de afecto e de sentido. Não é insuspeito que, depois de ter destruído o quarto da irmã e de ter mordido a mãe, Max chegue à ilha e veja as Coisas Selvagens pela primeira vez numa altura em que Carol está a destruir as tocas de toda a gente, numa tremenda birra. Max vê-se a si próprio.

Aqui reside aquilo que pode deixar os espectadores mais insensíveis a olhar de lado: é que Where the Wild Things Are não tem lógica nenhuma, a não ser a lógica das brincadeiras infantis; tal como elas são, na sua crueldade e absurdo. Existe um fino equilíbrio entre representação pura da infância e a reflexão intelectual da infância. Grande parte dessa reflexão tem de ser feita pelo espectador, mas quantos estarão dispostos a fazê-lo?

Visualmente fascinante, pleno de planos de grande beleza, Where the Wild Things Are é especial. Sobretudo, é muitíssimo "real".
Nunca um filme de monstros foi tão real quanto este. Há um prenúncio de morte quando a coisa selvagem Bull aborda Max na praia, no momento em que este se vai embora, e fala pela primeira vez para lhe perguntar se ele irá falar bem das Coisas Selvagens no sítio para onde vai. Como se esta personagem, a mais introvertida de todas, intuísse que assim que o miúdo se for embora todas as Coisas Selvagens morrerão. Digo isto porque se elas são produtos imaginários, criados por Max para o auxiliar na sua hora de danação, deixam de ser precisas assim que ele lhes virar as costas. Neste sentido, os uivos finais de despedida emitidos pelos monstros são muito mais que isso.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Página no Facebook

O meu novo romance, O Evangelho do Enforcado, já tem página no Facebook.
Nessa página serão publicadas diariamente notícias e novidades exclusivas sobre o livro. Visitem-na e façam-se fãs.

O Evangelho do Enforcado chegará às livrarias no próximo dia 12 de Fevereiro, pela Saída de Emergência.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

"O Evangelho do Enforcado"

«Lisboa, século XV: Nuno Gonçalves, nascido com um dom quase sobrenatural para a pintura, desvia-se dos melhores ensinamentos do mestre flamengo Jan Van Eyck, à medida que perigosas obsessões vão tomando conta dele. Ao mesmo tempo, na sequência de uma cruzada falhada contra a cidade africana de Tânger, o Infante D. Henrique deixa para trás o seu irmão D. Fernando, um acto polémico que dividirá a nobreza e inspirará o regente D. Pedro a conceber uma obra única. E que melhor artista para a pintar que Nuno Gonçalves, estrela emergente no círculo artístico da corte? Mas o pintor louco tem intenções negras, que nada têm a ver com os bons desejos do regente, e o quadro que sairá das suas mãos manchadas de sangue irá, sem sombra de dúvida, mudar o Reino.
Entretecendo História e fantasia, O Evangelho do Enforcado é um romance fantástico sobre a mais enigmática obra de arte portuguesa: os Painéis ditos de São Vicente. É, também, um retrato pungente da cobiça pelo poder e da vida de todos os dias na capital portuguesa do período final da Idade Média. Pleno de descrições tão vívidas quanto pinturas, é uma viagem poderosa ao luminoso mundo da arte e aos tenebrosos abismos da alienação, servida por uma riquíssima galeria de personagens.
Entre num mundo misterioso de arte, loucura e crime.»

O meu novo romance, O Evangelho do Enforcado (Saída de Emergência) vai para as livrarias no dia 12 de Fevereiro. Trata-se de uma história fantástica sobre os Painéis ditos de São Vicente e a vida de Nuno Gonçalves, creditado como sendo o pintor dessa obra.
Acompanhando esse tema encontram-se outros de carácter hermético, tal como as obscuras origens do baralho de Tarot: algo que, neste livro, se corresponde intensamente com a vida e obra de Nuno Gonçalves.

Estou felicíssimo com O Evangelho do Enforcado, que é, para já, o meu trabalho favorito. Deixo-vos com um excerto.
Fiquem atentos, porque em poucos dias realizarei um passatempo para oferecer um exemplar autografado.

«Quando Nuno saiu da oficina, ao cair da noite, sentiu o cheiro a chouriço assado e a água-pé que permeava o Largo da Sé. Tivera um dia de trabalho intenso; só comera um pão roxo ao jantar e estava cheio de fome. Contudo, conseguira um avanço significativo na pintura dos painéis. Os dias como aquele, em que não recebia os modelos, corriam-lhe melhor.
Puxando as mangas para baixo, ocultando as manchas de tinta nos braços, subiu a Rua das Canastras e virou à direita para o Largo da Sé onde viu uma fogueira enorme no centro: as silhuetas das labaredas chicoteavam as lajes da catedral, criando sombras negríssimas que, à guisa de vergastões nas costas de um mártir, lhe ofereciam uma imaculável dignidade divina. A plebe dançava; um grupo de homens, que assava um porco, oferecia pedaços de toucinho a outro porco que por ali passava. Viam-se pessoas sentadas a tocar guitarra nos degraus da igreja, entre elas alguns clérigos, e um grupo de jograis cantava em cima de um palanque improvisado, junto à fogueira. Casais procuravam as sombras para se beijar. Crianças atiravam fezes de cão umas às outras. Pelo rabo do olho, Nuno viu dois fulanos a descarregar um barril de vinho de um carrinho de mão; contemplou o barril e viu que estava marcado com uma sigla que não lhe era estranha.
‘Que festa é esta?’, perguntou, intrigado, a um homem que batia palmas aos dançarinos.
‘São os anos de D. Pedro’, respondeu ele, sem tirar os olhos da dança.
Nuno acenou com a cabeça. Era o selo real que estava marcado no barril.
Afastou-se, coçando os braços: passara o dia todo com comichão, mas o prurido piorara.
Subiu pelo largo e virou à esquerda, nas traseiras dos Paços do Concelho, para a Rua de Trás de Santa Ana. Mal entrou na rua, caíram-lhe pingos de água na cabeça: olhando para cima, descobriu que alguém acabara de pendurar roupa molhada; desviou-se, passando na vizinhança de um beco. Nesse instante, ouviu um ruído. Um gemido.
Virou-se para a viela sem saída e viu um velhote sujo a vir ao seu encontro: o andrajoso andava apoiado em dois bordões e sangrava da boca. Quando se aproximou, a luz fraca que provinha do Largo da Sé foi suficiente para lhe desvendar o rosto. Com efeito, o homem sangrava da boca, mas o sangue não lhe pertencia: era de um cachorro recém-nascido que ele trazia nos dentes.
Com um gesto selvático, o velho ameaçou Nuno com um bordão e, nesse instante, o pintor apercebeu-se que ele trazia uma caixa às costas, suportada por duas correias a tiracolo. Não. Não era uma caixa, mas uma gaiola cheia de animais moribundos. Nuno viu uma amálgama de pêlos e penas – talvez fosse um único animal, um monstro. Talvez fossem as vitualhas daquele velhote. Vitualhas que ganiam.
‘Mmmpff!…’, vocalizou o velho, abocanhando o animal morto. ‘Pfff! Pfff!’
Enojado, mas, em simultâneo, fascinado por aquela imagem infernal, Nuno correu rua abaixo, passando pelas traseiras da Igreja da Madalena, onde um bando de pedintes ressonava, encostado à parede. As ruas de trás são como a parte inferior das pedras, pensou. É onde os vermes se escondem. Descendo por um troço da Rua da Fancaria, ouviu música e gargalhadas; virou à direita, na direcção da Rua Nova.»

Vencedor do passatempo

O vencedor do passatempo A Conspiração dos Antepassados - Edição Especial foi o leitor Carlos Antunes, de Santo António dos Cavaleiros: foi o primeiro participante a responder correctamente às duas perguntas e, como tal, irá receber um exemplar autografado da edição especial do romance. Parabéns!

As respostas certas são as seguintes:
1) Íbis.
2) "Sometimes I hate myself."

Obrigado a todos os participantes.

A edição especial d'A Conspiração dos Antepassados, que conta com um prefácio de António de Macedo, chegará às livrarias no próximo dia vinte e dois.