segunda-feira, 30 de abril de 2012

"Piscis"


Canção "Piscis" do álbum Cabaret Portugal de La Chanson Noire, interpretada por Charles Sangnoir no fórum da loja FNAC do Algarveshopping. Com participação especial em spoken word por David Soares.

Banda desenhada portuguesa na Revista LER


Hoje, nas bancas, uma edição histórica da Revista LER, com um artigo de prestígio sobre banda desenhada portuguesa, assinado pela jornalista e investigadora Sara Figueiredo Costa, e uma capa inesperada da autoria do desenhador João Lemos. Para comprar, ler com atenção e guardar. Os autores destacados são Filipe Abranches, João Lemos, Osvaldo Medina, Susa Monteiro e eu. No vídeo disponibilizado em anexo, podem ver um trailer com João Lemos a desenhar a capa da revista.

Capela dos Ossos de Alcantarilha







Mais fotografias e artigos sobre a temática cemiterial em:


(Fotos: Gisela Monteiro.)

sexta-feira, 20 de abril de 2012

A gaia etimologia

O incrível (no sentido etimológico de «algo que custa a acreditar») e lamentável artigo de opinião escrito por José António Saraiva no seu jornal semanal Sol parece querer demonstrar que é provável reconhecer de imediato um homossexual a partir de algumas misteriosas características fenotípicas, exibidas em espaços exíguos («À minha frente, no elevador, está um rapaz dos seus 16 ou 17 anos. Pelo modo como coloca os pés no chão, cruza as mãos uma sobre a outra e inclina ligeiramente a cabeça, percebo que é gay», José António Saraiva in Sol, 9 de Abril de 2012).

Com efeito, cada um é livre de escrever o que bem entender e, evidentemente, também os leitores são livres de julgarem como bem entenderem os autores pelas bitolas que eles próprios escreveram. É, pois, uma pena que se tenha perdido tempo a escrever um texto jornalístico de carácter intolerante em que a palavra gay é usada onze vezes de modo preconceituoso e no qual nada nos seja dito sobre o contexto histórico dessa designação.
Por conseguinte, e à aproximação do dia 25 de Abril, data de liberdade e de igualdade de oportunidades para todos, independentemente de serem heterossexuais ou homossexuais, de esquerda ou de direita, jornalistas ou leitores, tipos que se deslocam de elevador ou tipos que preferem ir pela escada, achei que seria uma boa ideia partir do mote dado pelo artigo de opinião publicado no supracitado jornal e oferecer um contributo muito mais positivo.

A palavra inglesa gay provém do étimo francês gai e ambas já eram usadas no século XII com o mesmo significado: o de alegre ou despreocupado; mas convém esclarecer que gai começou por ser um apelido, antes de tornar-se adjectivo. Em português, esse galicismo entrou no nosso léxico como gaio, que, além de possuir significação idêntica, também é um apelido: neste caso, por via adjectival, ou seja a alcunha tornou-se apelido, embora a genealogia não seja clara no que concerne às origens desta família que, nos estudos heráldicos, surge com as armas dos Góios, um ramo diferente cujo nome de família, provavelmente, terá origem numa corruptela do sobrenome Goes, à qual pertenceu, por exemplo, Estevão Vasques de Goes, um trecentista alcaide-mor de Lisboa (por curiosidade, o humanista quinhentista Damião de Goes ou Góis não parece ter pertencido a esta linhagem, fazendo lembrar que nem sempre a semelhança entre sobrenomes indica a mesma proveniência).


Contudo, a palavra gaio também é o nome de uma ave muito comum na Europa: em português, essa ave, da família dos corvos, chama-se gaio, em inglês chama-se jay e em francês chama-se geai - todas derivações da palavra original gai. O gaio, espécie de corvo colorido, sempre foi conhecido pelos nossos antepassados pela sua capacidade inata de imitar o canto de outras aves e, talvez por essa via, os actores e os artistas de rua já eram chamados de gaios (jays) na Inglaterra seiscentista, mas a designação não tinha nenhuma conotação sexual.

Essa apareceu, em finais do século XIX, em Inglaterra, com a expressão gay house: epíteto dado aos bordéis, mas, lá está, sem nenhuma conotação homossexual que se saiba. (Tinha um significado eufemístico, análogo ao da expressão contemporânea happy ending massage.)
Todavia, a colagem ao sexo homossexual terá surgido mais ou menos na mesma altura, entre os anos 1893 e 1897, mas nos Estados Unidos, nos quais uma grave crise económica abalou o país, retirando o emprego a milhares de pessoas. Entre os hobos, vagabundos que romavam pelo território em busca de pequenos trabalhos, os jovens sem-abrigo dispostos a fazerem sexo com homens mais ricos, em troca de dinheiro, eram conhecidos por gay cats: trocadilho com stray cats; ou seja, eram chamados de gay cats, do mesmo modo que os prostíbulos também se chamavam gay houses, e, neste caso, por serem jovens rapazes sem dinheiro, dispostos a prostituirem-se, a palavra gay começou a ser associada ao sexo homossexual. (No seu romance auto-biográfico The Road, publicado em 1907, o escritor norte-americano Jack London descreve essa realidade em primeira mão, pois ele próprio foi um vagabundo nesse período - e nunca afastou suspeitas sobre a sua suposta homossexualidade.)

Apesar disso, a adopção da palavra gay, enquanto sinónimo exclusivo de homossexual, tanto pelas comunidades homossexuais, como pelo público, em geral, é um fenómeno de meados do século XX: em essência, a partir de 1940, a palavra gay ganhou não só uma difusão inaudita como um cunho distintivo que ainda perdura. Porquê?

Como em tantas outras circunstâncias, em diversas alturas, é muitíssimo provável que tenha sido a cultura popular de entretenimento a dar esse impulso. Neste caso, com a estreia, em 1938, da comédia Bringing Up Baby (Duas Feras) do realizador norte-americano Howard Hawks, com a actriz norte-americana Katharine Hepburn e o actor inglês Cary Grant nos papéis principais. Às tantas, o paleontólogo David Huxley (Grant) vê-se obrigado a vestir um négligé com penas, porque as suas roupas foram roubadas por Susan Vance (Hepburn) enquanto tomava banho. Ao ser confrontado à porta de casa pela personagem Tia Elizabeth (May Robson), o espaventado Huxley reage de uma maneira muito especial, como podem ver no vídeo abaixo.



Considerando que este filme é de 1938 e que a palavra gay se difundiu cerca de dois a três anos depois é provável que se encontre aqui a origem da sua popularidade. Nesta cena, a ambiguidade de sentido da palavra gay é reforçada pelo conhecimento de que Grant nunca se livrou das suspeitas de ser bissexual e de manter uma relação com o actor norte-americano Randolph Scott, que conheceu na rodagem do seu primeiro filme: Hot Saturday, do realizador norte-americano William A. Seiter, estreado em 1932.

David Soares e Pedro Serpa no Festival de Banda Desenhada de Varsóvia


De 10 a 13 de Maio, ocorre o Festival de Banda Desenhada de Varsóvia, evento para o qual estão convidados artistas de várias nacionalidades, como os mestres Brian Bolland e Grzegorz Rosinski. Eu e o Pedro Serpa seremos os representantes portugueses no festival, com o nosso O Pequeno Deus Cego (Kingpin Books, 2011).

Podem visitar a página oficial do festival nesta ligação.

E nesta, a página oficial do festival no Facebook.

Acrescento que esta é a minha primeira visita deste ano à Polónia: em Outubro serei o convidado português do 8º Festival Internacional de Ficção Curta de Wroclaw, um dos mais interessantes e dinâmicos festivais literários europeus.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Ode à voz

Há cento e vinte e três anos, "nasceu" Alberto Caeiro, caricatura pessoana de um poeta ateu, mestre de todos os heterónimos (e ortónimo). Mas o dia 16 de Abril é, também, o Dia Mundial da Voz. Eu sou escritor, mas também uso a voz como instrumento artístico, nos meus trabalhos de spoken word. Um deles é esta "Ode ao Negro", musicada por Charles Sangnoir, e interpretada no espectáculo Cabaret Seixal de 2010. Consiste num ensaio sobre a cor preta.




sábado, 7 de abril de 2012

Sobre o café Starbucks e o Infante D. Henrique

Três das minhas paixões são a história, a etimologia e o café. Há quatro anos, a cadeia internacional Starbucks abriu em Lisboa, na Rua de Belém, perto de mim num local cheio de história, a sua segunda loja portuguesa de café e a minha vida nunca mais foi a mesma. Porém, como sou um amante de etimologia, tratei logo de saber de onde vem o nome Starbucks. É uma história que partilho convosco, com todo o prazer.

A resposta mais rápida é a de que consiste no apelido do imediato do Capitão Ahab no romance Moby-Dick (1851), da autoria do escritor norte-americano Herman Melville, mas é possível recuar até outros imediatos e capitães, mais hostis que os dos navios baleeiros da ilha de Nantucket e oriundos de regiões muito mais frias que o estado norte-americano de Massachussets: neste caso, da Dinamarca.

Em 793, vikings dinamarqueses navegaram pela costa noroeste da Grã-Bretanha acima e pilharam o mosteiro cristão da pequena ilha de Lindisfarne, dando início à era das conquistas vikings, que só terminou três séculos depois. (O facto dos vikings se terem convertido ao cristianismo cerca de oitenta anos depois desse ataque inaugural não provou ser nenhum impedimento para que continuassem as suas expansões turbulentas - em nome de Cristo.) A sua hegemonia em todo o território britânico ainda repercute nos dias de hoje, em diversas toponímias, e, com efeito, na primeira metade do século IX os piratas nórdicos já dominavam todo o condado inglês de Yorkshire, no qual, junto à cidade termal de Harrogate, encontraram uma ribeira aprazível, com margens vicejantes de juças (uma planta comum em quase toda a Europa e também conhecida por carriço). Chamaram-lhe, adequadamente, Ribeira das Juças: denominação que em antigo dinamarquês se pronuncia Starbeck.
Este é o nome com o qual foi baptizado um subúrbio a Leste de Harrogate, habitado desde o século XIV - e o registo da primeira família a adoptá-lo como apelido, sob a corruptela de Starbuck, data de 1379.

Avançando em seguida para meados do século XVII, é altura de falar no inglês George Fox e na Sociedade Religiosa dos Amigos por ele criada: uma seita mística que, tal como todos as seitas místicas, arrogava ser possível comunicar com Deus sem o intermédio da igreja instituída; em especial a Igreja de Inglaterra. Quando a divindade falava directamente com Fox e seus Amigos, os corpos agitavam-se e, não raras vezes, eram atirados extáticos ao chão; esses tremores (quakes em inglês) valeram-lhes o nome de Quakers (os que tremem), pelo qual são, com mais facilidade, se não justiça, reconhecidos.
Até ao final do século XVII, os Quakers de Fox foram constantemente perseguidos e presos pelas autoridades; nessa altura pesadelar para novos credos alguns indivíduos acharam que seria uma boa ideia tentarem uma vida nova num Novo Mundo e, em consequência, partiram para as colónias da América do Norte. Entre esses pioneiros escorraçados encontrava-se uma família de apelido Starbuck, que tomou residência na ilha de Nantucket; com o passar dos anos, os descendentes da família Starbuck tornaram-se os baleeiros mais famosos do mundo; e é em sua homenagem que Melville baptiza com esse apelido o carismático imediato quaker do navio baleeiro Pequod.

Tão ilustres os Starbuck de Nantucket se tornaram que, em 1823, enquanto fazia escala no reino do Havai, Valentine Starbuck, o capitão do célebre baleeiro L'Aigle, foi contratado pelo rei Kamehameha II para que o levasse a ele, à rainha Kamāmalu e à sua corte, numa viagem a Londres; no ano seguinte, depois de terem feito escala no Rio de Janeiro, onde foram recebidos por D. Pedro I, imperador do Brasil (D. Pedro IV de Portugal), os reis do Havai morreram subitamente de sarampo, em Londres, no início do Verão. As mortes repentinas chocaram a opinião pública e o governo; no rescaldo da investigação, Valentine Starbuck foi acusado de corrupção pelos seus empregadores originais, em virtude de não ter cumprido o contrato.

Vinte e sete anos depois, o escritor Herman Melville, apreciado na altura pelas suas narrativas exóticas, fez das tripas coração e publicou um romance negro e sublime, intitulado Moby-Dick, que, infelizmente, foi destroçado pela crítica e consistiu num fracasso de vendas. Melville nunca recuperou do choque provocado pela péssima recepção que o seu romance mais querido teve e quando morreu, em 1891, nenhum dos seus livros continuava em impressão; mais tarde, depois da Primeira Grande Guerra, o trabalho superiormente simbólico de Melville foi descoberto por leitores e críticos norte-americanos e europeus, com uma nova sensibilidade, que consideraram merecidamente Moby-Dick como um dos melhores romances de sempre.
Um dos fãs tardios de Moby-Dick foi o norte-americano Jerry Baldwin, um professor de inglês residente na cidade de Seattle, no estado de Washington.

Baldwin adorava café e sonhava em abrir na sua cidade uma loja exclusivamente dedicada a essa bebida; juntamente com o escritor Gordon Bowker e o professor de história Zev Siegl, ambos norte-americanos, reuniu as condições necessárias para encetar esse empreendimento e quando surgiu o momento de dar nome à empresa lembrou-se de ir buscar um ao seu romance preferido. E o nome que escolheu foi...
Pequod: o nome do baleeiro do Capitão Ahab.
Os seus sócios odiaram-no, porque tinha uma sonoridade muito semelhante a pee (xixi), algo indesejável para uma loja de bebidas e, aparentemente, Bowker (em outra versão, a autoria da escolha recai sobre o publicitário de Seattle Terry Heckler, que desenhou o conspícuo símbolo da sereia "starbuckiana" - na realidade, não é uma sereia, mas uma adaptação de um desenho quinhentista de Melusina) escolheu um segundo nome, que encontrou num mapa dos Estados Unidos, o de uma antiga mina, situada a sudeste de Seattle, no Monte Rainier: Camp Starbo. Insistente em retirar um nome do romance Moby-Dick, Baldwin sugeriu que o do imediato Starbuck seria um bom compromisso entre a sua vontade e o nome da mina preferido pelos sócios. Toda a gente concordou e, em 1971, na Western Avenue, abriu-se a primeira loja daquela que viria a ser a cadeia internacional Starbucks (a internacionalização viria vinte e cinco anos depois com a abertura de uma loja na cidade japonesa de Tóquio). De Ribeira das Juças a nome de família e até marca internacional, o velhinho nome viking já viajou bastante.

Mesmo assim, a ligação entre ele, o romance Moby-Dick e o café não se esgota aqui.
Algo que pouca gente sabe é que Melville inspirou-se na existência de um cachalote albino verdadeiro que, no início do século XIX, atacou um punhado de navios baleeiros antes de ser capturado. (No romance a que dá o título, a baleia Moby-Dick não é completamente albina: só a cabeça e a corcunda são brancas.) Em 1839, o jornalista norte-americano Jeremiah Reynolds publicou na revista nova-iorquina Knickerbocker Magazine o primeiro relato sobre os ataques e a captura desse cachalote, intitulado... Mocha Dick, or The Whale of the Pacific. Os baleeiros chamaram Mocha Dick à baleia branca, porque ela nadava nas águas da Ilha de Mocha, ao largo da costa chilena.

Ora, de acordo com uma das versões da lenda da origem do café, um muçulmano chamado Omar, que partira em direcção ao Iémen, na Península Arábica, perdera-se no deserto; esfomeado, encontrava-se quase sem forças para continuar quando uma inesperada visão o guiou até um bizarro arbusto, cujas "bagas" diligentemente comeu. Sentindo-se revitalizado por esses grãos desconhecidos, guardou alguns e, graças a eles, foi capaz de chegar ao seu destino: a cidade de Mocha. Achando que tinha sido escolhido pela providência divina para dar a conhecer aquela planta milagrosa aos homens, transformou-a numa bebida revigorante a que chamou, claro, Mocha. (O porto da cidade de Mocha tornou-se, de facto, no grande exportador seiscentista de café.)
Com efeito, os viajantes árabes já mascavam grãos de café, mas a ideia de usá-los para fazer uma bebida é, provavelmente, uma verdadeira invenção iemenita (a lenda tem, afinal, um aroma de autenticidade), imaginada pelo místico sufi quatrocentista Muhammad al-Dhabhani que terá usado grãos dessa espécie de arbusto para fazer uma bebida reconfortante que pudesse ser tomada de forma a afastar o cansaço nas longas horas de estudo e oração a que os sábios sufis se dedicavam (assim chamados devido às suas idiossincráticas indumentárias feitas de lã, que em árabe se chama suf - logo, sufi significa homem de lã). Muhammad al-Dhabhani chamou qahwah à sua bebida (étimo da palavra turca kahveh que está na origem da palavra seiscentista italiana caffe), nome que significa vinho.

É espantoso que Mocha, nome que hoje é usado para designar uma bebida feita de café com chocolate e, também, um tom quente de castanho-escuro, tenha sido dado a uma baleia branca - uma que, ainda por cima, inspirou a criação literária de outra baleia branca, muito mais famosa, em cujos perseguidores se encontra uma personagem que deu o seu nome à maior cadeia de lojas de café do mundo.

Quanto ao Infante D. Henrique, a quem aludi no título deste texto, ele surge como provável inspiração para o desenho da capa da edição a solo do artigo de
Reynolds, editado pela primeira vez em Inglaterra no ano de 1870. A semelhança entre esse desenho e o célebre (mas muitíssimo improvável) retrato afamado de ser o de D. Henrique é impressionante, contudo o nosso cognominado Navegador não navegou nem um quinto daquilo que os baleeiros de Nantucket e de outras partes do globo navegaram. Na verdade, contam-se pelos dedos de uma mão as vezes que Henrique navegou para fora do reino, em toda a sua vida - e somente para ir a Ceuta, no Norte de África, uma viagem que, quando comparada com as de Eanes, Dias, Gama e Cabral, se apresenta como tendo apenas o tempo suficiente para beber uma bica curta. (Aliás, o facto destes navegantes terem sido capazes de tais proezas sem terem, sequer, bebido uma única chávena de café dá-me uma séria volta à cabeça.)

terça-feira, 3 de abril de 2012

Booktrailer de "O Homem Corvo"



Booktrailer de O Homem Corvo (Saída de Emergência, 2012). Escrito por David Soares, ilustrado por Ana Bossa com direcção de fotografia de Nuno Bouça.

Booktrailer realizado e montado por Nuno Bouça, com música original de Filipe Raposo e grafismo de Eglė Bazaraitė.

«Eu dou-te um peixinho, se tu me deres um coração.»

Nas livrarias a 13 de Abril.

"Mr. Burroughs" 2012


Este ano, em data a anunciar brevemente, irá ser reeditado em português um dos meus clássicos: o álbum de banda desenhada Mr. Burroughs (Círculo de Abuso, 2000; Frémok, 2003), escrito por mim e desenhado por Pedro Nora. Um álbum que o académico Bart Beaty (da universidade canadiana de Calgary) definiu como sendo uma «surrealist, nightmarish reconceptualization, flattering to the comics form, a cross between literature and the visual» (em Unpopular Culture. Universtity of Toronto Press, 2006).

Passados doze anos, Mr. Burroughs irá ser reeditado, por uma das editoras independentes de banda desenhada portuguesa que fez parte do universo bedéfilo que o viu nascer, numa edição bilingue, em português e inglês (versão inglesa de minha autoria).

É do conhecimento público que este título é um dos álbuns mais importantes da banda desenhada portuguesa e que foi verdadeiramente instrumental - e decisivo - para a revitalização da nova bd portuguesa a partir da década de 2000.

Imagem: Eu, em 2009, numa livraria parisiense especializada em banda desenhada, com a edição francesa de Mr. Burroughs.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Nova crónica no número 133 da revista LOUD!


O número 133 da revista LOUD! sai esta semana.

Além dos inúmeros artigos e entrevistas interessantes (uma nova entrevista com Thormenthor - quem se lembra do fantástico Abstract Divinity?) e uma capa surpreendente (não é a que está na imagem), esta edição conta com a minha crónica regular Consultor Funerário.

Desta vez, apresento-vos um texto intitulado A Invenção da Existência que versa sobre o tema do dito Novo Acordo Ortográfico, mas por uma via que ainda não foi falada na nossa praça (pelo menos que eu tenha lido). É, sobretudo, uma verdade muito evidente e que eu achei que já urgia ser abordada. Às vezes, é fácil esquecer o essencial: azar dos tecnocratas eu ser um tipo completamente obcecado pela minúcia histórica.