No próximo dia 25 deste mês far-se-ão cem anos desde a morte de Frederick Rolfe, o autodenominado Barão Corvo, um dos meus heróis literários e um dos mais extraordinários ourives de palavras que já existiram. Será, infelizmente, uma efeméride que passará despercebida, porque Rolfe é um escritor desconhecido pela maioria, somente lido e apreciado por um grupo (muito) restrito de conhecedores. Rolfe morreu pobre, numa altura em que vivia nas ruas de Veneza, e encontra-se sepultado no cemitério da pequena ilha de San Michele. Já escrevi várias vezes sobre a minha admiração por este autor (nesta ligação, por exemplo), que, mesmo sem tecto e possuindo apenas a roupa que trazia vestida, nunca deixou de escrever e ainda foi capaz de deixar completo um último romance antes de perecer (The Desire and Pursuit of the Whole). Poucos anos após a morte, o Barão Corvo quase caiu no esquecimento, mas é com alegria que declaro que faço parte dos leitores pertinazes que não deixam morrer a sua obra. Por conseguinte, prometo escrever algo especial para celebrar o centenário da morte de Corvo no próximo dia 25.