Fez ontem 449 anos que, na cidade italiana de Pisa, nasceu o célebre cientista Galileu Galilei, campeão da astronomia e da matemática, que, no século XVII, sofreu na pele os horrores inquisitoriais, liderados pelo Papa Urbano VIII, por ter defendido no livro Dialogo Sopra I Due Massimi Sistemi del Mondo (1632) a autenticidade da teoria heliocêntrica, segundo a qual é a Terra que orbita o Sol e não o Sol que orbita a Terra (como assegura a teoria geocêntrica). Condenado, em 1633, à prisão perpétua pelo tribunal do Santo Ofício (sentença comutada, no dia seguinte, para prisão domiciliária), Galileu terá dito, entredentes, depois de renegar a própria teoria, «eppur si muove!», referindo-se à órbita que a Terra descreveria, de facto, em torno do Sol.
Na verdade, essa declaração apareceu pela primeira vez, em 1757, no livro Biblioteca Italiana do escritor e crítico italiano Giuseppe Barretti; quatro anos depois foi popularizada - e legitimada - pela inclusão no livro Querelles Littéraires do clérigo e historiador francês Augustin Simon Irailh. Mesmo assim, o reputado historiador canadiano Stilmann Drake escreveu em Galileo at Work: His Scientific Biography, publicado em 1978, que existe um quadro, datado de 1643 ou 1645, provavelmente pintado pelo artista espanhol Bartolomé Esteban Murillo (ou por um pintor influenciado por Murillo), que mostra Galileu acorrentado numa masmorra inquisitorial e apontando com um dedo para a frase «eppur si muove!» escrita na parede. O quadro é, de certeza, autêntico, embora a data de realização - mais ano, menos ano - ainda não tenha sido apurada com rigor; de qualquer maneira, demonstra-nos que uma década após o julgamento de Galileu (no mínimo) já circulava a história da sussurrada sedição.
Então, em que ficamos?
Galileu disse ou não, em voz baixa e batendo o pé, o famoso despique à autoridade inquisitorial?
Não existe nenhuma prova de que o tenha proferido, embora a atitude conforme com aquilo que é sabido sobre a sua personalidade.
Independentemente disso, prometo desmistificar o julgamento de Galileu numa próxima oportunidade. Fiquem por aí.
Na verdade, essa declaração apareceu pela primeira vez, em 1757, no livro Biblioteca Italiana do escritor e crítico italiano Giuseppe Barretti; quatro anos depois foi popularizada - e legitimada - pela inclusão no livro Querelles Littéraires do clérigo e historiador francês Augustin Simon Irailh. Mesmo assim, o reputado historiador canadiano Stilmann Drake escreveu em Galileo at Work: His Scientific Biography, publicado em 1978, que existe um quadro, datado de 1643 ou 1645, provavelmente pintado pelo artista espanhol Bartolomé Esteban Murillo (ou por um pintor influenciado por Murillo), que mostra Galileu acorrentado numa masmorra inquisitorial e apontando com um dedo para a frase «eppur si muove!» escrita na parede. O quadro é, de certeza, autêntico, embora a data de realização - mais ano, menos ano - ainda não tenha sido apurada com rigor; de qualquer maneira, demonstra-nos que uma década após o julgamento de Galileu (no mínimo) já circulava a história da sussurrada sedição.
Então, em que ficamos?
Galileu disse ou não, em voz baixa e batendo o pé, o famoso despique à autoridade inquisitorial?
Não existe nenhuma prova de que o tenha proferido, embora a atitude conforme com aquilo que é sabido sobre a sua personalidade.
Independentemente disso, prometo desmistificar o julgamento de Galileu numa próxima oportunidade. Fiquem por aí.