sexta-feira, 12 de abril de 2013

«A Melhor Oferta»


Estreou ontem A Melhor Oferta, de Giuseppe Tornatore, realizador de, entre outros filmes, Cinema Paraíso. Com Geoffrey Rush e Donald Sutherland, dois dos meus actores preferidos, que aqui, longe da pipoquice hollywoodiana em que pontualmente participam, compõem duas grandes personagens, plenas de intrigantes subtilezas, devedoras de teatro da melhor cepa. A Melhor Oferta é um grande filme, artístico e alegórico, cujo argumento me fez lembrar algumas inclinações temáticas dos escritores Jerome Charyn e Gerard Reve (mas sem a tónica homossexual deste). Não estamos, exactamente, no campo do chamado "realismo mágico", nem da simples alegoria, mas num mundo ficcional muito parecido com o nosso, embora permeável a elementos que, em outro contexto e apresentados com outro peso, se poderiam denominar como sendo pertencentes ao Fantástico. É, também, um filme que beneficiaria de um olhar mais gélido, mais negro, porque, com efeito, é desse território que estamos a falar. Tornatore é, ainda assim, e apesar da sua finura de esteta, capaz de criar-nos angústia: o seu filme é, pois, como um quadro tenebroso, pintado à moda clássica - impressiona pela riqueza de detalhe e pelo elevado grau de perfeição, mas não horripila, verdadeiramente. Um dos melhores filmes que poderão ver, nestes dias, em exibição - e, já, um dos melhores deste ano.