quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Autógrafos no Amadora BD


O 21º Amadora BD tem início na próxima sexta-feira e prolonga-se até ao dia 7 de Novembro. O tema que este ano dá o mote ao festival é o centenário da primeira república portuguesa. Sob a égide desta comemoração encontra-se uma das exposições principais do Amadora BD: o making of do álbum É de Noite Que Faço as Perguntas, escrito por mim e desenhado por Jorge Coelho, João Maio Pinto, André Coelho, Daniel Silvestre Silva e Richard Câmara. Consistirá numa oportunidade única para os leitores descobrirem como, de facto, se escreve e ilustra uma banda desenhada: desde os meus apontamentos, argumento e layouts, até aos esboços e pranchas finalizadas dos desenhadores.
No dia 30 (Sábado), às 16H00, conduzirei o público numa visita guiada por essa exposição.

Nos dias 23 de Outubro e 6 de Novembro, das 17H00 às 18H00, estarei disponível para dar autógrafos no Amadora BD, na zona prevista para o efeito.
Recordo que o álbum Mucha, escrito por mim e ilustrado por Osvaldo Medina e Mário Freitas (Kingpin Books), encontra-se nomeado para dois Prémios Nacionais de Banda Desenhada: Melhor Álbum Português e Melhor Argumento Para Álbum Português.

«Há uma tradição do terror que é aqui perseguida, mas também a do absurdo (de Kafka, sim, mas também de Ionesco; de Nezval e Mzorek; de Jodorowsky e Svankmajer): isto é, não há razão, explicação, solução. As coisas são como são, e é isso que mete medo e assegura uma angústia indelével.»
Pedro Vieira de Moura (crítico de banda desenhada. Prefácio de Mucha.)

«Se a metáfora do totalitarismo e dos seus modos insidiosos de se espalhar como se de uma benesse se tratasse é clara desde o início, tanto pelo comportamento das personagens como pela referência a Rhinocerós, o encontro de Rusalka com o exército nazi não deixa margem para dúvidas. Nessa sequência final e perigosamente catártica, a utilização do alemão nas falas não é um simples artifício, mas antes a confirmação de que para percepcionarmos o horror, e sobretudo para o sentirmos, não é imprescindível compreender as palavras que o integram. O artifício encontra-se no forçar de um ponto de vista para o leitor, agora mero espectador, e nem por isso menos responsável – mesmo sem o dom das línguas, permanece a dúvida quanto à ameaça que a epígrafe de Sófocles, na Antígona, lança na página que antecede a narrativa: “Estas coisas são de um futuro próximo”. Mais do que o zumbido contínuo e incomodativo das moscas, são estas palavras que ecoam em cada prancha de Mucha
Sara Figueiredo Costa (crítica de literatura e banda desenhada. Revista LER, nº86.)