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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

"Jabberwocky" ou "A Jibusanoca"


Esta é a minha tradução do poema Jabberwocky, de Lewis Carroll, integrante no segundo livro das aventuras de Alice no País das Maravilhas.

— A Jibusanoca

No acrepantúsculo, viscentes Govancos
geniam, pois, germaiados em gatenhos;
mengoados se sentiam os Licolimancos
e os Gazugapetos ribavam turgimenhos.


“Meu filho, cautela-te da Jibusanoca!
A fauce favola, a garra garrucha!
Evita essa avis, a Papapária, e a toca
da furibumante Bandorrezucha!”

Arrancoandindo o seu gume vergelho,
longimuito buscou a humagem homicidial.
Então, repousou ele sob um Faceirelho,
esvaecedendo-se em brevíssima reverial.

Desabrumado, os cuidados reunira —
eis a Jibusanoca, olhos de fagulha,
maninfestada e bazoflando pela cira,
chegregando com grã burlarabulha.

Um, dois! Um, dois! Desce e sobe!
O gume vergelho foi de Job-a-Job!
Degola a defunta — que ela mereça.
E galofantou, levando-lhe a cabeça.

“Achacinaste tu a Jibusanoca?
Abraça-me, centelhante filhote!
Oh, dia sublimóico! Olarilaroca!
Que rica jóia para meu huchote.”

No acrepantúsculo, viscentes Govancos
geniam, pois, germaiados em gatenhos;
mengoados se sentiam os Licolimancos
e os Gazugapetos ribavam turgimenhos.

(Original: Lewis Carroll; trad.: David Soares.)


terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

David Soares no Festival Internacional de Ficção Curta de Wroclaw


De 4 a 7 de Outubro, estarei na bela cidade polaca de Wroclaw como convidado do 8º Festival Internacional de Ficção Curta de Wroclaw: um dos mais interessantes e dinâmicos festivais literários europeus.

Em breve, divulgarei a programação que me está prevista para o evento, mas, para já, posso dizer que irá consistir em encontros com o público, leituras dos meus trabalhos e participações em mesas-redondas e workshops.

Fiquem atentos.

terça-feira, 19 de abril de 2011

A Caixa


Não, não é a peça de Hélder Prista Monteiro, mas um conto de Richard Matheson que intitula esta antologia de contos de horror, publicada este mês pela Saída de Emergência. A Caixa é, pois, um compêndio de alguma da melhor ficção curta do autor norte-americano Richard Matheson, escolhida e traduzida por mim.

Mais conhecido do público português pelos argumentos que escreveu para séries de televisão (como The Twilight Zone, por exemplo), Matheson também é o autor do romance I Am Legend, já editado pela Saída de Emergência.
A prosa de Matheson é propositadamente minimalista. A minha ideia é que ela consiste numa estratégia de diferenciação dos estilos mais carregados de escrever horror, popularizados por autores como Lovecraft, e, com este conhecimento em mente, é fácil perceber o modo como Matheson nos quer pôr a pensar. Ele não é um grande estilista, é preciso ser sincero, mas é um eficaz inseminador de ideias, de conceitos.

Quem não sentiu ansiedade ao vislumbrar pelo espelho retrovisor o enigmático camião de Duel, de Steven Spielberg, a assomar ao fundo da estrada? A culpa é de Matheson, argumentista do filme e autor do conto original que serviu de base ao seu argumento.
Quem não sente ainda calafrios ao lembrar-se da famosa história sobre o passageiro de avião, interpretado por William Shatner, que, num seminal episódio da série The Twilight Zone, se apercebe em absoluto desespero que é o único capaz de ver um monstro que tenta arrancar a fuselagem da asa do avião, em pleno voo? Esta história também se encontra em A Caixa.

Com efeito, o horror de Matheson é sempre cosmopolita - um horror suburbano, doméstico, familiar, muito cá de casa - e os elementos "exóticos" (como a viagem de avião ou a presença de um boneco tribal) não deixam de ser absorvidos por esse sentimento de domesticidade, tornando-se até "hiper-domésticos", no sentido braudrillardiano de "mais domésticos que o doméstico real". Um exemplo perfeito, e desconcertante, dessa premissa é o conto Fúria Íntima, que quase faz lembrar uma peça de teatro do absurdo, ao melhor estilo de Ionesco.

Esse é o maior valor das histórias de Matheson: sendo tão "despojadas" é espantoso que não tenham espaço para o supérfluo, para o artificial.
Esta A Caixa pode não ser a homónima e vanguardista peça de teatro do absurdo escrita por Monteiro, mas é uma antologia de contos em que o burlesco, o absurdo e o horror do quotidiano se mesclam num estilo seco que nos cai no colo sem decorações - sem, lá está, ersatzes.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Trabalho em progresso


Neste momento, estou a traduzir (mais) um clássico da literatura fantástica, que irá ser editado para o ano pela Saída de Emergência. Enquanto o faço, estou a escrever um novo romance que conto acabar circa final de Janeiro e início de Fevereiro de 2011. Estava a escrever outro, que, entretanto, retomarei quando terminar este. Será um livro bastante especial (vocês verão...) e ando felicíssimo a escrevê-lo. Para o ano, também será publicado, pela Kingpin Books, outro álbum de banda desenhada, escrito por mim e desenhado por um novo e excelente artista (em breve, divulgarei mais pormenores sobre este título). E, é claro, sairá o álbum É de Noite Que Faço as Perguntas, pela Gradiva. São assim os meus dias, entre tradução e escrita. Tanto por um lado, como pelo outro, gosto de pensar que estou entre clássicos. Daqui a uns meses, vocês me dirão.

segunda-feira, 1 de março de 2010

O Mito Maçónico

No próximo dia 5 (sexta-feira), as edições Saída de Emergência vão publicar o livro O Mito Maçónico de Jay Kinney (um maçon norte-americano). É um livro bem escrito, sobre a Franco-Maçonaria, que evita o discurso de estirpe sensacionalista para investir num registo esclarecedor e documentado. A tradução é minha.