Por horas excepcionais tenho sentido no ar deste Fevereiro pálido, ainda
hesitante entre uma Primavera matura e um Inverno senescente, a
rescendência do cio das árvores, derriçadas pela temperatura: um eflúvio
flexuoso, que bóia a custo no espaço castigador entre os copados e o
chão. Sem cérebro, são as árvores mais sábias que nós – os pensantes –,
pois, por mais palinologia que nos pule aos ombros, não compreendemos
(quanto mais antevemos) os metamorfismos que nos vão demudando. Nada nos
prepara para o fatal cair das folhas, nem para os nossos pouquíssimos
reverdecimentos. Pode ser-se alérgico a esse estro dendrítico, abafadiço
da garganta, e, no entanto, não se é alérgico à morte.