No dia 31 de Dezembro de 1705, há trezentos e onze anos, faleceu D.
Catarina de Bragança no seu Palácio da Bemposta, em Lisboa. Filha de D.
João IV com D. Luísa de Gusmão, casou em 1662 com o rei Carlos II de
Inglaterra, sendo, até, mais lembrada nesse país pelo costume de andar
vestida com roupa de homem - costume que, segundo o anedotário, lhe
valia, em surdina, piropos de que teria umas pernas muito bem-feitas -
do que pela introdução nesse círculo do hábito de beber chá ao
final da tarde. Num parapeito do Palácio da Bemposta pode encontrar-se a
ruína de uma curiosa meridiana: instrumento astronómico que assinalava o
meio-dia solar. É, pois, com esta nota que desejo boas entradas
em 2017 aos meus leitores, fãs e amigos: atravessem o proscénio que dá
entrada ao novo ano lembrando o melhor que o nosso passado tem. Escrevo «tem», porque o passado está vivo - muito mais do que o presente, essa
infinita ilusão. No fundo, só existe passado e só existe futuro,
connosco sempre a tentar um equilíbrio precário no meio, à guisa de
titubeante filete de luz incidindo na marca meridional de uma meridiana
deteriorada. Sejam bons uns para os outros, leiam bons livros, viajem um
bocadito e já terão meio-caminho andado. Daqui a pouco vemo-nos em 2017.
sábado, 31 de dezembro de 2016
Como o Sol, em 2017
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