A melhor conclusão para a saga de Indiana Jones já foi realizada em 1989 e intitula-se Indiana Jones and the Last Crusade: em cerca de duas horas de duração, esse filme dá-nos a ilusão de que se esteve uma tarde inteira na sala de cinema — e eu, por acaso, vi-o no cinema (nunca esquecerei a bicha enorme para os bilhetes, que dava a volta ao quarteirão — coisas que hoje parecem pertencer à Antiguidade escavada pela personagem). Os três primeiros filmes de Indiana Jones têm em comum uma sequenciação fora-de-série e um sentido grandioso do espectáculo que, hoje, também parecem ser relíquias de tempos idos: até Indiana Jones and the Temple of Doom (o menos bem conseguido dos três, acho eu) abre com uma espantosa e perfeitíssima sequência musical que transporta de imediato para uma dimensão superior de espectacularidade. Outra característica que infelizmente também parece perdida algures num armazém cheio de caixotes é a intensidade (e violência) das cenas de acção e as pequenas bizarrias que nelas iam aparecendo e que somadas agigantavam os filmes para um patamar mítico. São apenas algumas características a que a saga nos habituou e que não estão presentes em Indiana Jones and the Dial of Destiny.
Este quinto e último capítulo da saga de Indiana Jones apresenta-se, felizmente, como uma nova aventura a sério e não como um patusco filme de homenagem à la Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull, mas o reiterado receio de fazer um filme tão politicamente incorrecto (e intenso) quanto os primeiros transforma o que poderia ser um desfecho grandioso para esta querida personagem num filme que, infelizmente, não se distancia muito de outras fitas actuais de acção e aventura, conservando, ainda assim, um encantador charme nostálgico que só peca por não ser ininterrupto. Que saudades do ritmo vertiginoso e imprevisível dos três primeiros filmes e da fotografia gritty, mas luxuriante de Douglas Slocombe.