Há uns anos, quando mudei para a casa em que moro, ouvi um dos empregados do empreiteiro, responsável pelos trabalhos, a falar ao telefone com um amigo: dizia ele, sorridente, que estava a trabalhar numa obra no Restelo. Eu fingi que não era nada comigo: comportamento que adopto sempre que ouço alguém dizer disparates na minha vizinhança, porque, às vezes, até fico embaraçado pelos outros com as palermices que vou escutando (como dizerem que o Estaline era polaco, por exemplo, ou que incólume é uma coisa que serve para calafetar janelas). Mesmo assim, assumindo que a tal conversa sobre a obra no Restelo não chega, sequer, ao nível de palermice dos exemplos que apontei, é preciso esclarecer que não moro no Restelo, coisa nenhuma, mas em Alcântara.
Porque raio é que o homem se foi lembrar do Restelo? É aqui perto, mas não tanto que faça confusão. Depois lembrei-me: «Já sei! Quer armar-se. » Acho que o Restelo deve ser chique; mais que Alcântara, pelos vistos. Mas será que morar no Restelo ainda é sinal de status? E trabalhar no Restelo? O que é que isso poderá significar? Estas dúvidas tiram-me o sono.
É pensando nisso que eu acredito que as sementes da minha presente condição morbígera devem ter sido plantadas nessa altura. É que, cada vez mais, me sinto velho, pá. Neste caso, um velho do Restelo (se não o proverbial, um sucedâneo de pechisbeque).
Ou melhor, a ser um velho, serei o de Alcântara! Assim já posso candidatar-me a personagem original.
Acho que vou deixar o Velho de Alcântara escrever umas crónicas, de vez em quando. Aguardem pela primeira.
Porque raio é que o homem se foi lembrar do Restelo? É aqui perto, mas não tanto que faça confusão. Depois lembrei-me: «Já sei! Quer armar-se. » Acho que o Restelo deve ser chique; mais que Alcântara, pelos vistos. Mas será que morar no Restelo ainda é sinal de status? E trabalhar no Restelo? O que é que isso poderá significar? Estas dúvidas tiram-me o sono.
É pensando nisso que eu acredito que as sementes da minha presente condição morbígera devem ter sido plantadas nessa altura. É que, cada vez mais, me sinto velho, pá. Neste caso, um velho do Restelo (se não o proverbial, um sucedâneo de pechisbeque).
Ou melhor, a ser um velho, serei o de Alcântara! Assim já posso candidatar-me a personagem original.
Acho que vou deixar o Velho de Alcântara escrever umas crónicas, de vez em quando. Aguardem pela primeira.