No próximo mês, a editora Saída de Emergência vai publicar um clássico da ficção científica: The Man in the High Castle de Philip K. Dick, autor de, entre outros títulos essenciais, Ubik, Do Androids Dream of Electric Sheep e The Three Stigmata of Palmer Eldritch. Em O Homem do Castelo Alto, a tónica não é colocada sobre a tecnologia e o impacto que tem na sociedade, mas numa hipótese que remete para a história alternativa: as forças do Eixo venceram a Segunda Grande Guerra e repartiram entre si os territórios dos Aliados, ficando a América do Norte dividida em partes mais ou menos iguais que se tornaram coutadas dos alemães e dos japoneses. Acompanhando o percurso de diversas personagens, vamos entendendo como é que essa situação foi criada, desde meados do século XX. O mais curioso é que Philip K. Dick afirmou ter escrito O Homem do Castelo Alto com base em decisões encontradas no I Ching, oráculo chinês que permeia profusamente este romance; daí o final inesperado: o I Ching "mandou-o" interromper a escrita.
Embora possa ser confundido por um arremedo de revisionismo histórico pelos leitores mais desatentos, O Homem do Castelo Alto é um romance que é, sobretudo, mais uma variação de um dos temas de charneira do seu autor: o peso que o elemento humano (as emoções, as inclinações pessoais, a irracionalidade) tem no statu quo, seja ele tecnológico ou, neste caso, político. Em suma: enquanto esse elemento for equacionado, as coisas acabarão sempre por funcionar mal. O problema é que é esse mesmo elemento do qual depende a salvação do sistema, mesmo que o humano seja, na maioria das vezes, um canal para passar o transcendente. Para quem está familiarizado com temas esotéricos será fácil ver que este livro contém algumas referências para-gnósticas e mais não digo para não arruinar a leitura.
Uma edição importante de ficção científica que fazia falta em português e que, felizmente, nos chega na peugada da recente edição portuguesa de Dune de Frank Herbert, publicado também pela Saída de Emergência. O Homem do Castelo Alto conta com um ensaio do jornalista e comentador Nuno Rogeiro como prefácio. A tradução é minha.
Embora possa ser confundido por um arremedo de revisionismo histórico pelos leitores mais desatentos, O Homem do Castelo Alto é um romance que é, sobretudo, mais uma variação de um dos temas de charneira do seu autor: o peso que o elemento humano (as emoções, as inclinações pessoais, a irracionalidade) tem no statu quo, seja ele tecnológico ou, neste caso, político. Em suma: enquanto esse elemento for equacionado, as coisas acabarão sempre por funcionar mal. O problema é que é esse mesmo elemento do qual depende a salvação do sistema, mesmo que o humano seja, na maioria das vezes, um canal para passar o transcendente. Para quem está familiarizado com temas esotéricos será fácil ver que este livro contém algumas referências para-gnósticas e mais não digo para não arruinar a leitura.
Uma edição importante de ficção científica que fazia falta em português e que, felizmente, nos chega na peugada da recente edição portuguesa de Dune de Frank Herbert, publicado também pela Saída de Emergência. O Homem do Castelo Alto conta com um ensaio do jornalista e comentador Nuno Rogeiro como prefácio. A tradução é minha.