segunda-feira, 29 de abril de 2013

Novo conto de horror na revista LOUD! de Maio


Neste Maio, a revista LOUD! traz Iron Maiden como banda de capa; grupo que serviu de ponto de partida para um desafio literário que me foi proposto: escrever um conto baseado nas temáticas do disco Seventh Son of a Seventh Son (1988). Podem lê-lo neste número: intitula-se Os Filhos Que a Lua Dá; ou, Problemas de Um Projeccionista de Pornografia e é um conto de horror em que os vários temas que fazem parte do supramencionado disco marcam presença; como as influências misteriosas do número 7 e, sobretudo, o mito irresistível do Filho da Lua. Agradeço à LOUD! este convite e espero que se sintam intrigados por Os Filhos Que a Lua Dá; ou, Problemas de Um Projeccionista de Pornografia. Deixo-vos um excerto:
«Concentrando-se no projector para não ver nem o filme, nem os espectadores, Albuquerque interrogou-se sobre qual seria a razão pela qual o onanismo não era um dos Sete Pecados Mortais, posto que Deus até assassinara um homem por culpa disso. Seria o Oitavo Pecado: uma nova venialidade, incrustada entre a luxúria, a ganância e a gula. ‘Oito pecados mortais’, pensou Albuquerque. ‘Oito caminhos para o Inferno.’ Qual seria o castigo infernal para os fricativos? Na costumeira coerência contrapassiana com que eram elaborados esses suplícios, teriam de se polir com fogo até a vergonha incendiada tornar-se tão catóptrica quanto metal lustroso. Humiliate pene vestra. O ritual masturbatório era feiticista, de facto – e, assim sendo, feiticeiresco. Que sortilégios pretenderiam os velhos operar com as efusivas esfregações? Que autoridade encoberta se revelava nas suas varinhas viris? Seria o sexo uma arte mágica, como as banais benzeduras e as venerações dos videntes? De cabeça baixa, Albuquerque apercebia-se das moções projectadas no lençol como se fossem sombras dançarinas nas paredes do seu crânio: afinal, que culto venéreo se prestava naquela praça, sob a égide do faliforme tóteme tartéssico? Seria clarividente o suficiente para descortinar se era um sonho ou o “agora”? No lençol, a mulher curvou-se para desencobrir a virilha do homem, a imagem ampliou-se e os velhos viram-se estupefactos diante de um grande olho. O espanto da assistência despertou Albuquerque das suas contemplações: achou que aquilo era estranho, mas não deu importância.»