quinta-feira, 24 de abril de 2014

Dez Verdades Sobre Livros


Era para ter publicado isto ontem, Dia Internacional do Livro, mas só tive oportunidade agora. Consiste em Dez Verdades Sobre Livros que, de acordo com a minha experiência, são inequívocas.

1) Não abandonem a leitura de um livro chato: ser chato não significa mau, apenas significa chato. Não é motivo para abandonar uma leitura.

2) Existem falsos artigos de marca e existe falsa literatura - tão barata (no sentido epistémico) quanto os óculos e os relógios que se vendem nas feiras (no sentido trambiqueiro). Caveat emptor.

3) Se lerem um livro por semana, lerão mais de cinquenta livros por ano. É um bom começo: não desperdicem esse tempo lendo coisas inúteis.

4) Os livros são como os medicamentos: a mistura latitudinária de leituras diferentes opera efeitos secundários imprevistos.

5) Os livros gostam de ser tratados sem cerimónias: empilhem-nos no chão, sublinhem as páginas, ponham-lhes chávenas de café em cima, deixem-nos abertos durante a noite. Porém, não dobrem as páginas: é falta de respeito.

6) Entre o eBook e a leitura existe uma intransponível intransferência.

7) A verdadeira literatura é verbal. Se não gostam de palavras, vejam apenas filmes ou séries televisivas, mas não leiam os guiões de cinema e televisão disfarçados de livros que recheiam as livrarias.

8) Leiam dicionários. Os dicionários são livros de ficção: a maioria do léxico contemporâneo foi inventada por escritores: romancistas, poetas, filósofos. Ao enriquecerem o vosso vocabulário estarão a fortalecer-se contra a literatura perfunctória de que falam os Pontos 2, 3 e 7.

9) O libertino Gustave Flaubert foi cliente de uma prostituta cujo nome de baptismo era Crucifixo: ou seja, não julguem os livros pelas capas.

10) Nunca se irá encontrar uma velha fotografia ou uma antiga carta de amor dentro de um eBook.