terça-feira, 28 de abril de 2015

Sobre liberdade e sobre silêncio


1) A liberdade é uma dimensão, medida criptogenésica pela qual, com maior ou menor incorrecção, nos referenciamos: é o espaço que existe entre heurística e hermenêutica; espécie rarefacta de partícula, visível que nem poeira entre luz desenfeixada por frinchas de janelas, mas, rapidamente, esvaecida. Dessa sorte, idoneísta, não pode ser definida como definitiva - somente deixada em aberto.


2) Compreendo a razão pela qual os anacoretas se entregavam à vida contemplativa, despojando-se de todas as superfluidades, eremicolando-se em ermos eremitágios: à medida que se vai envelhecendo, reduz-se o número de coisas de que se gosta, restando, somente, uma paixão, uma adesão tremenda a uma única fonte maior de luz, ofuscante das menoridades. Assim, tornando-se ruído o remanescente, procura-se o silêncio: o silêncio geográfico e psicogeográfico. Nenhum deserto será tão árido e nenhum despovoado tão vazio se o indivíduo que os atravessa estiver cheio.