Como a espelta está para o trigo, está o virtual para o orgânico:
morre-se de morte natural, diz a merologia — mas haverá outra morte que
não seja natural? Orfeica? Essa ubiquitária trave-mestra da vida,
somente sondável por quem dela se aproxima; prásina que anuncia a
corrupção da carne. Ela é o tanque para o qual a alma é despejada — e
ambas são animaculares, infinitesimais. Fulminígera, a sepultura
arenga-nos como a candeia às traças: luz tão espessa e rescendente como
xarope — e igualmente peganhosa. Nela nos funestamos, apaixonados pelo
fedor solitário da nossa dissolução, identidade odorifumante que é ainda
mais nossa que o coração: gosta-se do cheiro da própria morte; um
cheiro que não faz impressão (de tão particular). Tão íntimo. É o cheiro
de um órgão secreto e secretício que contemos sem detectação: a
Finitude.