domingo, 5 de fevereiro de 2012

«Extermine-se todos os brutos»


No livro profético Isaías (séculos VIII-VI a.C.) vaticina-se que «o lobo habitará com o cordeiro, e o leopardo deitar-se-á ao lado do cabrito; o novilho e o leão comerão juntos, e um menino os conduzirá. A vaca pastará com o urso, as suas crias repousarão juntas; o leão comerá palha com o boi», mas o filósofo norte-americano Jeff McMahan não está disposto a esperar que os predadores mudem de dieta e propõe uma solução mais radical para que o mundo alcance mais depressa um estádio harmónico.

Se vocês são indivíduos que acham que o veganismo já é radical o suficiente é porque ainda não se lembraram que existem animais (não humanos) que são carnívoros e que não têm ideias nenhumas em deixar de sê-lo. Que fazer com bichos assim, que continuam a comer outros bichos em vez de tofu ou seitan? McMahan diz que a única coisa a fazer é exterminá-los a todos.
Em 2010 escreveu uma peça intitulada The Meat Eaters, para o jornal The New York Times, na qual, em síntese, defende o extermínio de todas as espécies carnívoras para criar-se um mundo natural mais inclusivo (seja lá isso o que for) apenas com espécies herbívoras. Segue-se um excerto para perceber-se melhor qual o tipo de retórica de que se está a falar:
«The claim that existing animal species are sacred or irreplaceable is subverted by the moral irrelevance of the criteria for individuating animal species. I am therefore inclined to embrace the heretical conclusion that we have reason to desire the extinction of all carnivorous species».
(Imagem: Peace de William Strutt. 1896.)