As lojas FNAC estão, as we speak, e até 17 de Novembro, a realizar uma grande campanha sobre literatura fantástica: consiste numa promoção de uma enorme diversidade de excelentes livros fantásticos, de diversos géneros, desde a Fantasia, o Horror e a Ficção Científica, à disposição de todos os leitores que se queiram iniciar nesses universos, assim como uma oportunidade para os entusiastas encontrarem alguns títulos que lhes faltem nas colecções. Para o efeito, fez-se um catálogo comercial, com todos os livros destrinçados e incluídos.
Com a certeza de que a maioria dos livros que nele se incluem são bons, e que até estão presentes muitas boas surpresas, escrevi um texto introdutório que, pese as limitações que um texto sintético desta natureza sempre traz atreladas a priori, espero que suscite o vosso interesse. Ei-lo:
Com a certeza de que a maioria dos livros que nele se incluem são bons, e que até estão presentes muitas boas surpresas, escrevi um texto introdutório que, pese as limitações que um texto sintético desta natureza sempre traz atreladas a priori, espero que suscite o vosso interesse. Ei-lo:
A imaginação é luz. Sem ela, seríamos matéria cega.
A palavra grega phantastikós significa relativo à imaginação, logo toda a literatura é fantástica porque é imaginada; no entanto, convencionou-se que apenas alguma merece ser assim baptizada: a de menor grau de proximidade com o real. Mas quantas vezes não se critica de modo negativo um livro porque tem “demasiada fantasia”?
O preconceito nasce da noção errónea de que a arte deve ser um mimetismo da realidade, mas o que é isso? Será “demasiada fantasia” aspirar-se a alcançar outros mundos? Esperar que por trás dos pesadelos existam sonhos? E que ao perguntar coisas a esses sonhos, descubramos que eles nos podem responder?!... A literatura fantástica é a luz emitida pelos seus escritores – e o que é que faz a luz, senão mostrar o caminho?
Mostrar-nos caminhos, o Fantástico tem feito, levando-nos a alcançar, de facto, outros mundos, a delapidar os piores pesadelos e a ensinar-nos como se tratam os sonhos por tu. Um bom livro de ficção científica, de horror ou de fantasia é, ao mesmo tempo, um bilhete e um mapa de territórios para os quais é preciso coragem para entrar, porque é preciso coragem para imaginar.
A imaginação é a maior riqueza que temos: é um tesouro – e os tesouros foram feitos para ser conquistados. Às vezes, esgravata-se mais do que se deveria e libertam- se coisas perigosas. É por isso que nós, escritores de literatura fantástica, existimos: somos salteadores profissionais, calejados nas armadilhas que existem nos caminhos onde crescem as histórias. Sabemos voltar com vida, de cabeças cheias, e os relatos das nossas viagens enchem as páginas dos livros que podem encontrar neste catálogo.
Felizmente, ao virar da página, podem encontrar muitos títulos de qualidade, mas não quero fazer de vosso Virgílio, porque cada leitor entra sozinho nos Infernos ou distopias que escolhe.
Só estou aqui para dizer: atrevam-se a imaginar.David Soares
Lisboa, Setembro de 2010