quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

A neve e o fogo


Hoje, Dia dos Namorados, lembrei-me de uma das mais belas histórias de amor que conheço - talvez seja, de facto, a mais bela. O conto O Homem de Neve, escrito por Hans Christian Andersen, em 1861. A melancolia profunda dos textos mais tristes de Andersen emociona-me muitíssimo e coloca-me numa encruzilhada de saudade, entre a infância e a idade adulta. Em 1866, Andersen visitou Portugal e em Julho ficou hospedado na Quinta dos Bonecos (tão adequado que isto é), em Setúbal, propriedade da família O'Neill; no diário que escreveu, queixa-se do calor intenso, mas ao mesmo tempo descreve, com enlevo amoroso, a paisagem portuguesa que tanto o encanta. Tal como o Homem de Neve da história belíssima que escreveu cinco anos antes, sente-se, em simultâneo, atraído e magoado por essa estranha energia que é o calor. Visita, ainda em Setúbal, o Convento de Nossa Senhora dos Anjos de Brancanes, construído num lugar recheado de história desde os tempos pré-históricos, e que, entre 1998 e 2007, foi vergonhosamente - escandalosamente - transformado numa prisão. Eu acho que isto dá muito que pensar, em principal neste dia, dedicado ao amor, sentimento libertador por natureza.