Amanhã assinalar-se-á a efeméride da primeira partida de Vasco da
Gama para a Índia (8 de Julho de 1497), saído do sítio de Restelo,
conforme o testemunho do diário de bordo dito de Álvaro Velho do
Barreiro (foram Diogo Köpke e António da Costa Paiva quem assim
intitularam o documento quando o editaram em 1838, daí que a autoria
seja, ainda, alvo de contestação).
Lembrei-me de antecipar a memória desta data fundamental, porque hoje é, pasme-se!, o Dia Mundial do Chocolate... Ora, sem a inaugural viagem de Gama não se teria descoberto a Rota do Cabo e, provavelmente, sem a descoberta da Rota do Cabo não se teria descoberto tão cedo o Brasil (a 22 de Abril de 1500) - onde os portugueses, depois, encontraram o cacau na área amazónica brasileira (adjacente à bacia do rio Orinoco), da qual a espécie é nativa; embora em seu habitat natural se reunisse parte da América Central (até ao México).
As sociedades pré-colombianas consumiam o cacau de diversas maneiras: os maias, por exemplo, tomavam por clister uma espécie de tequila tradicional, conhecida por octil e balché, na qual, para efeitos ritualísticos, misturavam bufotoxinas de sapos endémicos da região e cacau - ora, o álcool e os alucinogénios absorvidos por via anal entravam muitíssimo rapidamente na corrente sanguínea; logo, provocando de imediato fortíssimos estados alterados de consciência.
Imagem: cópia coeva do diário de bordo de Álvaro Velho do Barreiro,
trabalho inscrito há três anos pela UNESCO na lista do património
Memória do Mundo.