Confiando no limite que a minha memória alcança, é seguro avançar com a
hipótese que o inventor da insólita expressão Fake News (que tanto tem
dado que falar) foi o nosso padre polemista José Agostinho de Macedo,
um dos anti-heróis mais fascinantes da nossa história contemporânea e
personagem paradoxal que tem merecido o meu estudo.
Se não me precipito, creio que a supramencionada expressão se estreia no verrinoso opúsculo Cordão da Peste; ou, Medidas Contra o Contágio Periodiqueiro, escrito em Fevereiro de 1821. Aí, sob o pseudónimo de Corcunda de Boa-Fé, Macedo escreveu o seguinte [actualizei a grafia]: "Como se pode combinar a estabilidade do governo, o sossego público, o amor da ordem, a observância das leis do novo regime, com a inquietação, que nos ânimos derramam tantas ideias destampadas, tantas NOTÍCIAS FALSAS, tantos projectos loucos, tanta flutuação de ideias, tanta contrariedade de doutrinas, e tão encontrados gritos dos incansáveis Periodiqueiros? Quem por eles saberá o que deve pensar, e o que deve fazer?"