Shanna, the She-Devil é uma banda desenhada que comunica, sem intermediários, e de modo pungente, com a massa diencefálica. O revamp que o desenhador Frank Cho criou para esta personagem da Marvel Comics, imaginada pelos argumentistas Carole Seuling e Steve Gerber e desenhada pelo artista Greg Tuska, no início da década de setenta, não se assemelha em nada com o modelo original. A personagem Shanna O'Hara Plunder era uma veterinária, filha do dono de uma mina africana de diamantes, que decide combater os caçadores furtivos; ora, a Shanna de Cho é a única sobrevivente de uma série de clones produzidos pelos geneticistas do III Reich: espécie de Eva nazi, programada para ser uma máquina de matar. E ainda bem que sabe como quebrar pescoços, porque o mundo dela encontra-se infestado por uma macrofauna com muito mau-feitio.
O livro vale pela arte de Cho, já que o argumento é muitíssismo linear (apesar de não escorregar para o boçal, o que, numa história deste género, é uma vantagem): Shanna é descoberta, e libertada, por um grupo de soldados norte-americanos; e após estes ficarem infectados por uma arma biológica desenvolvida pelos nazis, ela tem de os ajudar a encontrar um antídoto, escondido num bunker perdido no meio da selva. Este é o ponto de partida para uma série de sequências de acção de grande fôlego, nas quais vemos a nossa valquíria à bordoada com tiranossauros e velociraptores. Acreditem que a arte de Frank Cho é surpreendente e bastante imaginativa.
Shanna, the She-Devil deveria ter saído pela imprint MAX, cujos conteúdos se dirigem a leitores maduros, mas foi a versão censurada que acabou por ser impressa e editada. Ou seja, a nudez de Shanna foi velada, mas não as centenas de litros de sangue e tripas que se desenrolam em catadupa pelas páginas.
Este livro é o que é e nada mais que isso: uma aventura honesta, na qual aquilo que interessa é ver a Shanna à porrada com dinossauros - obra híbrida de fita de Leni Riefenstahl com Jurassic Park. Vale a pena? Bastante: é grotesco, está muito bem desenhado e as sequências de acção são do outro mundo. Gostava de ver uma aventura da Shanna escrita por um argumentista mais sofisticado, porque existe, aqui e ali, nas atitudes e gestos dessa personagem, uma inesperada sensibilidade que merecia ser tratada de outra maneira.
(Capa do primeiro número da série original de Shanna, the She-Devil, desenhada pelo grande Jim Steranko.)
O livro vale pela arte de Cho, já que o argumento é muitíssismo linear (apesar de não escorregar para o boçal, o que, numa história deste género, é uma vantagem): Shanna é descoberta, e libertada, por um grupo de soldados norte-americanos; e após estes ficarem infectados por uma arma biológica desenvolvida pelos nazis, ela tem de os ajudar a encontrar um antídoto, escondido num bunker perdido no meio da selva. Este é o ponto de partida para uma série de sequências de acção de grande fôlego, nas quais vemos a nossa valquíria à bordoada com tiranossauros e velociraptores. Acreditem que a arte de Frank Cho é surpreendente e bastante imaginativa.
Shanna, the She-Devil deveria ter saído pela imprint MAX, cujos conteúdos se dirigem a leitores maduros, mas foi a versão censurada que acabou por ser impressa e editada. Ou seja, a nudez de Shanna foi velada, mas não as centenas de litros de sangue e tripas que se desenrolam em catadupa pelas páginas.
Este livro é o que é e nada mais que isso: uma aventura honesta, na qual aquilo que interessa é ver a Shanna à porrada com dinossauros - obra híbrida de fita de Leni Riefenstahl com Jurassic Park. Vale a pena? Bastante: é grotesco, está muito bem desenhado e as sequências de acção são do outro mundo. Gostava de ver uma aventura da Shanna escrita por um argumentista mais sofisticado, porque existe, aqui e ali, nas atitudes e gestos dessa personagem, uma inesperada sensibilidade que merecia ser tratada de outra maneira.
(Capa do primeiro número da série original de Shanna, the She-Devil, desenhada pelo grande Jim Steranko.)