«Só os animais sabem como os homens devem falar.
Uma ratazana ateia.
Uma porca piedosa.
Um arquitecto agnóstico.
Uma fábula fascinante.
Uma ratazana ateia.
Uma porca piedosa.
Um arquitecto agnóstico.
Uma fábula fascinante.
Em Batalha, David Soares (O Evangelho do Enforcado, Lisboa Triunfante, A Conspiração dos Antepassados) apresenta uma história em que os animais são protagonistas. Passado no início do século XV, Batalha é um romance sombrio, filosófico e comovente, que observa o fenómeno religioso do ponto de vista dos animais e especula sobre o que significa ser-se humano.
Batalha, a ratazana, procura por sentido, numa viagem arrojada que a levará até ao local de construção do Mosteiro de Santa Maria da Vitória, o derradeiro projecto do mestre arquitecto Afonso Domingues. Entre o romance fantástico e a alegoria hermética, Batalha cruza, com sensibilidade e sofisticação, o encantamento das fábulas com o estilo negro do autor. Imperdível.»
Batalha, a ratazana, procura por sentido, numa viagem arrojada que a levará até ao local de construção do Mosteiro de Santa Maria da Vitória, o derradeiro projecto do mestre arquitecto Afonso Domingues. Entre o romance fantástico e a alegoria hermética, Batalha cruza, com sensibilidade e sofisticação, o encantamento das fábulas com o estilo negro do autor. Imperdível.»
«Ocultando-se dos olhares dos indivíduos, foi admirando a disposição das casas e dos objectos e achou que aquele sítio não era diferente da quinta. A multiplicidade de cheiros era estonteante, mas uma azeda fragrância cerealífera, que permeava tudo, era o dominante, secundada por um desagradável odor metálico.
(...) Quasi-reptante, e resguardado pelas sombras das paredes de pedra das casas, Batalha também sentiu cheiros felinos, mas não viu gatos nenhuns; então, no centro da aldeia, viu dois homens pendurados pelos pescoços, por gramalheiras, num pelourinho de pedra plutónica.
As faces escoriadas pela erosão cadaverina deixavam-lhes os ossos à mostra; e os seus dentes arreganhados e alcalinos, que lhes emprestavam ares de animais granívoros, pareciam feitos do mesmo granito do pilar pendulifloro. Havia um terceiro homem, ao pé deles, mas suspenso pelo tórax e ainda vivo. Era este que meia-dúzia de gente insultava e atirava vegetais apodrecidos, num efusivo avesso de aclamação; os outros balouçavam com boçalidade, só com as moscas como companhia.
(...) A somar àquilo que Batalha já aprendera sobre a morte, vinha o conhecimento de que ela era vaidosa e exigia jóias novas a todas as horas: ouropéis ossiculares, pingentes de polpa, medalhões morbíficos, cadáveres cristalóides — peças preciosas para estimular emulação nos espectadores das execuções: o seu público preferido — os seus idólatras impecáveis e incansáveis. E, no entanto, no meio da morte, a vida também vicejava: bebés riam nos colos das mães, os pássaros cantavam nos telhados das casas e os insectos zumbiam, num zunzum bem-humorado, enquanto sugavam os sucos naturais das flores, frutos e falecidos.»
Batalha, o meu novo romance, é editado pela Saída de Emergência e estará disponível na 81ª Feira do Livro de Lisboa, numa pré-venda exclusiva, no dia 7 de Maio, às 17H00. Com a minha presença e a do ilustrador Daniel Silvestre da Silva.