sábado, 22 de setembro de 2012

«Os Anormais»: O Plutão da Pena


A apresentação do meu novo disco de spoken word, Os Anormais: Necropsia De Um Cosmos Olisiponense (texto e voz meus e música de Charles Sangnoir, de La Chanson Noire), observação erudita, simultaneamente tenebrosa e luminosa, sobre os volutabros imaginais de Lisboa, nos quais habitaram os indivíduos excêntricos e deformados que, neste trabalho, são reunidos sob a designação colectiva de "os anormais", será no próximo dia 28 (sexta-feira), às 19H30, na Biblioteca Municipal Camões. Este equipamento cultural emerge com uma significante importância simbólica, posto que se situa no Largo do Calhariz: nódoa psicogeográfica em que uma das personagens principais do disco, a horrenda Estanqueira do Loreto, acabou, miseravelmente, os seus dias.

Mas outra personagem importantíssima para este título é o Anão dos Assobios: indivíduo singular que, passeando pela zona mais movimentada da cidade, assustava os distraídos com assobios estridentes que produzia com dois dedos enfiados na boca. Os esqueletos do Anão dos Assobios e da Estanqueira do Loreto foram exibidos ao público no Museu de Patologia do Hospital de São José, na freguesia da Pena, e, hoje, os seus paradeiros permancem envoltos em mistério.

Em Os Anormais: Necropsia De Um Cosmos Olisiponense, o rigor histórico entretece-se com o hermetismo e o meu universo autoral para, a partir destas e outras personagens, interrogar temas como a marginalidade e a nossa necessidade de transcendência.
Nesta ligação, na qual o disco se encontra disponível para venda, poderão ouvir o capítulo O Plutão da Pena, alusivo ao Anão dos Assobios: http://necrosymphonic.bandcamp.com/track/o-plut-o-da-pena