sábado, 6 de dezembro de 2014

Excelente crítica a «Sepulturas dos Pais» no blogue Ler BD


«Há algo clínico no comportamento das suas personagens, que torna mais gélido o choque com a dimensão de horror que elas comportam em si. Como se lhes fosse impossível não caírem em gestos duros e de consequências dolorosas. Essa espécie de frieza está assente numa materialização das próprias emoções, e no afastamento de uma redenção por uma qualquer hipotética transcendência. (…) Outros críticos (como Sara Figueiredo Costa) apontam o carácter bruto e mesmo misógino de algumas das personagens, ou a bruteza quase insuportável de algumas cenas. Isso é patente. Todavia, o sexo nos escritos de Soares nunca estiveram presentes com o intuito de titilar os seus leitores, e surge na sua dimensão mais carnal e despojada possível. Não se trata de pornografia, nem de sadismo (num seu sentido mais popular, já que se abusa desta palavra no seu sentido mais preciso, quer psicológico quer cultural), mas de uma exploração quase de materialismo da carne e do sexo, à la Bataille.»
Sepulturas dos Pais é escrito por mim e desenhado por André Coelho.