Numa
rua de Lisboa: vírgula ou aspa? O território é página e nós somos as
palavras. Em que frase se traduz um particular momento da vida? A aspa e
a vírgula são cognáticas, mas uma é pódio, a outra é sustento e sem
ambas o texto perde flexão, denotação. Somos palavras cambiantes em
pergaminhos de madeira e pedra, guiados por cegas e polissemânticas
contingências que nem as estrelas, nem as nuvens, decifram em seus
reflexos resplandecentes - e, no entanto, sob a sola dos pés, inscrita
na fímbria do empedrado, já quando nem sequer esperávamos, aparece uma
pontuação. Uma vírgula, uma aspa. Um ponto final.